O ser humano não é intrinsecamente bom nem mau.
O que verifico é que a bondade é mais difícil de alcançar e de exercer.
E bem e mal são conceitos demasiado amplos.
É mais fácil ser mau, mau nas suas formas menores, mau em tudo aquilo que nos afasta do outro, do que ser bom.
Não fales bem de ti aos outros, pois não os convencerás.
Não fales mal, pois te julgarão muito pior do que és.
Escrever a própria essência, é contá la toda, o bem e o mal.
Tal faço eu, à medida que me vai lembrando e convindo à construção ou reconstrução de mim mesmo.
Nunca foi sensata a decisão de causar desespero nos homens, pois quem não espera o bem não teme o mal.
O gênio fala muitas vezes mal e não sabe gramática.
Mas transporta montanhas, constrói cidades, estabelece estradas de ferro e telégrafos.
Muitos homens cultos falam e escrevem muito bem, mas são incapazes de construir e criar.
O bem e o mal tem a mesma face, o mesmo rosto, tudo depende da época, do momento, do instante em que cruzam o caminho de cada ser humano.
Eu vou e chamo a atenção para o facto de a leitura ser uma actividade perigosa: D.
Quixote enlouqueceu a ler romances de cavalaria, a Madame Bovary ficou meio maluca a ler histórias de amor e perdi a conta ao número de pessoas a quem a leitura da Bíblia ou do Corão fez mal.