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Luta Diária

"Perdi o meu incentivo de acordar todos os dias
E não ter minha dose diária de alegria.
É isso que aconteceu.
Fiquei viciada na alegria, e cada vez quero mais, e enlouqueço se viver sem.
Preciso desesperadamente dessa substância dominando e queimando..em minhas veias.
Porém,infelizmente essa alegria só é liberada por uma pequena e significativa coisa: amor.
Sim, o amor é uma droga, literalmente.
Não existe essa coisa de ter uma vida antes ou depois dele.
Só há o durante, e nada mais.
Você descarta a possibilidade de ter tido um começo, e adepta se ao impossível fim.
Porque não tem pé, e muito menos cabeça.
E como a cocaína, você se torna dependente desta droga.
Quando faz uso dela, a felicidade é tão delirante que até se esquece dos problemas que virão com a ausência desta.
Além dos problemas que virão com a ausência dele!
Sim, dele.
O pródigo amor.
E basta apenas uma dose.
Segundos ou menos.
E você já esquece que teve, que tem uma vida, e vive por.
Chora por.
Enlouquece por.
Morre por.
E não há outra volta.
A não ser que combata se com outra droga, o que o leva direta e imediatamente para reiniciar todo este labirinto, mais uma vez.
Tornei se escrava do meu próprio prol.
E é desta forma que eu estou.
Sem poder recorrer a droga, sem poder manifestar um desejo por ela, por causa de um vírus chamado orgulho.
E permaneço dessa maneira, em uma suplícia abstinência.
Enfim, o ser humano não é feito somente de carne, mas também de sonhos..e desesperos."

Canção do Tamoio
I
Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar.
II
Um dia vivemos!
E o homem que é forte
Não teme da morte;
Só teme fugir;
No arco que entesa
Tem certa uma presa,
Quer seja tapuia,
Condor ou tapir.
III
O forte, o cobarde
Seus feitos inveja
De o ver na peleja
Garboso e feroz;
E os tímidos velhos
Nos graves concelhos,
Curvadas as frontes,
Escutam lhe a voz!
IV
Domina, se vive;
Se morre, descansa
Dos seus na lembrança,
Na voz do porvir.
Não cures da vida!
Sê bravo, sê forte!
Não fujas da morte,
Que a morte há de vir!
V
E pois que és meu filho,
Meus brios reveste;
Tamoio nasceste,
Valente serás.
Sê duro guerreiro,
Robusto, fragueiro,
Brasão dos tamoios
Na guerra e na paz.
VI
Teu grito de guerra
Retumbe aos ouvidos
D'imigos transidos
Por vil comoção;
E tremam d'ouvi lo
Pior que o sibilo
Das setas ligeiras,
Pior que o trovão.
VII
E a mãe nessas tabas,
Querendo calados
Os filhos criados
Na lei do terror;
Teu nome lhes diga,
Que a gente inimiga
Talvez não escute
Sem pranto, sem dor!
VIII
Porém se a fortuna,
Traindo teus passos,
Te arroja nos laços
Do inimigo falaz!
Na última hora
Teus feitos memora,
Tranqüilo nos gestos,
Impávido, audaz.
IX
E cai como o tronco
Do raio tocado,
Partido, rojado
Por larga extensão;
Assim morre o forte!
No passo da morte
Triunfa, conquista
Mais alto brasão.
X
As armas ensaia,
Penetra na vida:
Pesada ou querida,
Viver é lutar.
Se o duro combate
Os fracos abate,
Aos fortes, aos bravos,
Só pode exaltar.