Um dia a gente acorda, os livros nos acordam, um anjo nos acorda, e somos avisados: não adianta mais olhar para trás.
É ir em frente ou nada.
Mas acho que é mais seguro ficar com meus livros.
São as únicas aventuras que conheço que possuem finais felizes.
Seria bom comprar livros se pudéssemos comprar também o tempo para lê los, mas, em geral, se confunde a compra de livros com a apropriação de seu conteúdo.
As grandes livrarias são monumentos da ignorância humana.
Bem poucos seriam os livros se contivessem somente verdades.
Os erros dos homens abastecem as estantes.
Quanto menos comes, bebes, compras livros e vais ao teatro, pensas, amas, teorizas, cantas, sofres, praticas esporte, etc., mais economizas e mais cresce o teu capital.
És menos, mas tens mais.
Assim todas as paixões e actividades são tragadas pela cobiça.
Precisamos de livros que nos afetem como um desastre, que nos entristeçam profundamente, como a morte a quem tenhamos amado mais que a nós mesmos, como ser banido pra florestas isolas de todos, como um suicídio.
Um livro deve ser um machado para o mar enregelado que temos dentro de nós.
Na minha vida ainda preciso de discípulos, e se os meus livros não serviram de anzol, falharam a sua intenção.
O melhor e essencial só se pode comunicar de homem para homem.