Voltei pra terapia.
Fiz terapia em 2001 e 2002, quando tive uma crise depressiva que quase em deixou doida.
E morta.
Não estou em depressão, bem longe disso.
Meu nível vital está ótimo.
Só estou fragilizada.
De um ano para cá muita coisa aconteceu e não tive tempo para assimilar.
Finalmente, a ficha caiu.
Ouvi da Josélia, a mesma psicóloga daquela época, que buscar ajuda quando não estamos bem, é sinal de saúde mental.
Fiquei feliz.
Significa que estou melhor do que imaginava, que consigo vislumbrar alguma coisa, algum sentido.
Sozinha, porém, isso não estava acontecendo, apesar do apoio das pessoas queridas.
Talvez não tenha que entender mesmo e apenas engolir e digerir.
Buscar explicações também não cabe a mim, afinal, eu cumpri com sinceridade e com todo o coração o meu papel.
Esperar, aguardar, recolher.
Ficar na minha porque as coisas se transformam, tenho absoluta certeza disso.
A vida me ensinou, as pessoas me ensinaram.
Duro mesmo é esse tempo que a gente fica assim, na corda bamba, numa oscilação que incomoda demais.
Dói, arde.
Mas é preciso.
Não dá para simplesmente ignorar um machucado.
Eu, pelo menos, não consigo.
Prefiro tratar dele até que a cicatriz fique o menos visível possível.
Porque um dia ela vai desaparecer.
Jogar as coisas para debaixo do tapete, fingir que não me incomodam, isso eu não sei mais fazer.
E no fundo, não importa o que aconteça, o que tenha acontecido, só tenho a agradecer.
Porque minha alma, ainda que ferida, continua inteira.