Nunca aceitei gostar do seu cabelo que no sol refletia fios de ouro dourado.
Nunca assumi que minhas manhãs eram boas com o chá de camomila e seu pé gelado, junto ao meu, bem pertinho.
Nunca admiti que mergulharia com você em Veneza e te abandonaria em Paris.
Até eu morrer, eu cantarei.
Cantarei em voz desafinada ao tempo nas margens da Babilônia.
Ainda procuro por um lar no mundo onde não pertenço, por quê
Eu enterraria cada saliva sua em minha boca só para nunca se perder nas memórias do que um dia acabou.
Eu enterraria cada toque da sua pele branca com a tempestade movediça que existe dentro do meu coração.
Este corpo não é meu, este mundo não é meu.
Então vamos lá, toque alto a melodia que minha voz não alcança em seus acordes.
O hoje foi preconceituoso com as lembranças.
O âmago da emoção pegou de jeito o passado.
A saudade foi infeliz junto à água salgada jorrada do oceano da retina, que vinha do fundo do nada, da falta de tudo.
Avistei algumas montanhas recentemente, alocando os parágrafos e contexto.
Lembrei me sem nunca esquecer que tudo foi criado por mãos, com pincéis refletindo o amor, feitos para existir.
O vivo e contrito distúrbio das onças, araras e peixes uma verdadeira fauna em papel cruzado , borrado de sangue pela própria história sofrida.
Alguém disse, há pouco tempo, que fez um passeio matinal pela mata.
Logo imaginei o gosto fresco dos eucaliptos que deslumbravam toda beleza da criação.
Eu fiquei quieta, mas guardei uma foto do seu sorriso ao lado de um rouxinol amarelo no meu celular que perdi dia 1 de janeiro de 2014, que ironia.
O ano adentrava um início que você não existia.
A chuva apenas confirmou lavando as lágrimas do sentimento amargo.
Eu não sou sentimental.
Uma verdadeira mentira que surti com pele e ossos alugados mediante palavras.
São lágrimas e mais lágrimas de sentimentos entre duas atmosferas.
Hoje, o passado realmente condena um soluço de sutileza.
Eu sussurro em minha mente e inspiro outras pessoas.
Porém, elas não descem.
Não entram em meus pulmões com o cheiro do seu ar.
Não tem adrenalina, não tem pulsação.
A tempestade surgiu em uma noite fria com a lua trazendo à tona o que era reluzente.
Nuvens negras na cidade da neblina.
Nós nascemos para lutar, morrer e reviver.
Seres encolhidos em sua própria redoma filosófica.