Deixem os corpos
Deixem que as mães enterrem seus mortos
Limpem o sangue no asfalto
O mesmo que jorrou no parto
O pequeno que acalentou nos braços
Frio e estático
O choro que outrora impediu
Se misturou ao sereno frio
Juro que o de farda sorriu
Um corpo sem espírito
Ali ja não estava seu menino
Seu olhar agora vazio
Refletia os olhares assustados
O choro velado
De tantas outras que deixaram de ser mães pelas mão do estado
Inocente ou culpado
A balança desequilibrada
Só pesa para um lado
Lado periférico
Isolado e oprimido
Em que ecoa a voz dos estrategicamente esquecidos.