No amor nunca os pratos da balança estão equilibrados.
E como a essência do amor é etérea, quem pesa mais é quem ama menos.
O amor afirma, o ódio nega.
Mas por cada afirmação há milhentas de negação.
Assim o amor é pequeno em face do que se odeia.
Vê se consegues que isso seja mentira.
E terás chegado à verdade.
A arte deve servir se fria.
Pode ter álcool por dentro.
Mas tem de ser álcool que se tirou do frigorífico.
Vive a vida o mais intensamente que puderes.
Escreve essa intensidade o mais calmamente que puderes.
E ela será ainda mais intensa no absoluto do imaginário de quem te lê.
Nasce se todo inteiro, mas morre se apenas a parcela do todo que nos foi morrendo ao longo da vida e nos tinha em pé.
Por isso a morte mais natural de um velho é cair para o lado.
Falhaste a vida, é evidente.
Mas não o digas.
Porque haverá logo quem venha proclamar em alvoroço que tu mesmo afinal confessas que falhaste para o cretino trombeteiro se julgar menos falhado e os cretinos como ele.
O que o moralista mais odeia nos pecados dos outros é a suspeita acusação de covardia por não ter coragem de os cometer.
Tentar provar o futuro é muito mais interessante do que poder conhecê lo.
Como no jogo, não o ganhar, mas o poder ganhar.
Porque nenhuma vitória se ganha se se não puder perder.