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Sabrina Duran

Quando a falta de simplicidade é com a gente fica um pouco mais difícil sanar a coisa.
Visto de dentro, o emaranhado é muito mais cabuloso.
Não tem jeito de achar o fio que conduz ao centro mais puro do raciocínio.
A gente tá dentro dele, do emaranhado, todo confuso, deitado e enredado, a cara voltada pro chão.
Assim, não há jeito de levantar e acender a luz.
Mas a gente não toma jeito.
Continua fazendo tudo igualzinho todos os dias, se complicando, rocambolizando a existência, crescendo os capítulos de uma novela que só acaba mal porque acaba tarde – se a trama terminasse antes, evitaria o cansaço e o desgaste da vida.
O sucesso dessa mazela que é o “ser complicado” só tem uma explicação: complicar as coisas é necessário.
Vai falar que não é É! É necessário porque livra a gente de dizer ou ouvir a palavra final, da decisão, daquele sim ou não rotundos (quando este é o caso – e na maioria das vezes é) que fazem a gente suar frio e ter queimação nas tripas dias antes de dizer ou ouvir.
Complicar é necessário porque aperfeiçoa a criatividade.
A gente passa o dia trabalhando na cozinha do nosso pensamento, preparando uma paella mental deliciosa, cheia de teorias exóticas e raras, de cores e cheiros finos que excitam nosso paladar pras coisas complexas.
Mas complicar é inútil.
No fim do dia, a paella não fica pronta, os ingredientes esturricam, a panela queima, a cozinha fede e a gente vai dormir com uma puta fome e com a certeza doída de que um pão na chapa honesto resolveria o problema.