Todo dia, a menina corria o quintal, procurando um arco íris.
Corria olhando para o alto, tropeçava e caía.
Toda vez que se machucava, vinha chorando uma cor.
Um dia, chorou o anil até esvaziá lo dos olhos.
Depois, chorou laranja, chorou vermelho e azul.
Chorou verde.
Violeta.
Amarelo e até transparente! Chorou todas as cores que tinha, todas as cores de dentro.
Então, abriu os olhos e nem o arco íris, ela viu.
Não viu flores e borboletas.
Não viu árvores e passarinhos.
Pensando que era ainda noite, deitou se na cama e dormiu.
Pensando que era tudo escuro, nem levantar se ela quis! Ficou dormindo cinzenta, por dias e noites sem fim Foi quando um sonho, tão colorido, derramou se dentro dela! Tingiu o travesseiro e a fronha, o lençol e o pijaminha.
Tingiu a meia e o quarto.
Tingiu as casas e os ninhos! A menina abriu a janela e viu que hoje não tinha arco íris.
Mas tinha o desenho das nuvens.
Tinha as flores e um passarinho.