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Múcio Bruck

Prosa de um Escritor: Comentários e Desabafos
Sou um apaixonado pela leitura, pela boa arte, principalmente a brasileira, seja a interpretada em palcos, seja pintada em quadros e/ou couro, esculpida em madeiras ou em pedras, mas, especialmente pela música: se for MPB ou uma moda de viola, melhor ainda!
Mas, confesso: me dei conta de que não sou um artista de sorte apinhada!
Sou homem caseiro, de meia idade, não gosto de viajar distâncias demasiadas longas, também, nem curtas: não gosto de idas a lugares que sei que corro o risco de nada de prestante venha me somar, se há um incomodo que jamais me importei, são os que me trazem meus familiares ou uns poucos amigos.
Meus pares, em especial, não me apetecem quando se acham incumbidos de me darem palpites e conselhos, e é o que mais me pedem e, geralmente, independentemente do assunto, na grande maioria das vezes, me esquivo e assumo: não, me agrada opinar quanto a temas que são de fórum íntimo, seja para quem quer que seja!
E, quem bem me conhece sabe disso!
Admiro me com o fato de não raro, receber em minha casa uma ou outra visita para dizer me sobre quais temas devo ou não escrever ou simplesmente para tecer uma ou crítica, tomando meu tempo e perdendo o dele: muitos chegam a me encomendar uma poesia, prosa, uma mensagem para um seu amor ou ente querido, muitas vezes, gravemente enfermo, como se palavras o fossem dar a cura!
Na verdade, me incomoda perder meu tempo em receber pessoas que se creem músicos e vem em meu descanso me apresentar suas composições musicais e, na maioria das vezes, pra meu desespero, geralmente um Funk, e outros, de diversificados, estilos, mas, considero que, ou bem ou mal, são temas que fazem parte de nossa cultura, mas, no íntimo, muitos compositores e escritores podem ser considerados “doídos”, criando melodias e textos sem sentido, que nada conta ou nos soma em valia.
A expectativa é, num repente, receber à mão, digamos, um “enunciado” contendo uma nova ideia, uma escrita, mesmo sem rima, mas que seja prestante, o que seria uma surpresa, com passagens, que até sejam metafóricas, porém, que tenha excelência, ou pelo menos, seja uma construção literária ou musical que faça sentido, que tenha a capacidade de ter, em sua essência, uma mensagem, ou uma visão estética e instrutiva do tema abordado nos versos ou no desenrolar da prosa.
Como dizem os grandes pensadores: “A inteligência nos livrou da memória”, e isso se deu graças ao advento da criação do “ São Google”, e, voltando aos que me trazem o que produzem, a partir da sua capacidade de criar, para que eu os avalie, penso: “Vamos lá, pois, a princípio, só existem duas formas de se avaliar uma obra, a partir de sua criação: “as fatais e as não fatais à cultura”! As fatais são aquelas que, no excesso de erros gramaticais e que não “iluminam” o leitor, não tem a capacidade de “prender” a atenção e acho isso muito triste, dá a impressão de que os escritos ambicionam assassinar a língua mais bela e sonora do mundo: a língua portuguesa!
Tenho comigo que muitos escritores estão nivelando o bom gosto da boa leitura e a capacidade de criar obras pouco ou nada interessantes, com gosto nenhum e isso tende a colocar a literatura brasileira num patamar que não merece estar!

Quem só sabe amar
Quem ama é capaz de desamar, com a mesma naturalidade!
Mas, o desamar não lhe dá o direito de ferir o outro, seja com atos férreos ferinos!
Nem usar o silêncio como arma de ignorar a presença de quem amou ou o contrário, usar de suas falas para impor dizeres cruéis, nem fazer de sua impaciência um proposital descuido.
Saber amar é sentir pulsar em si o bem, o querer da companhia, o alento de deitar no peito amado, se deliciar com o toque do outro, ter a compreensão incontida que rouba sentidos e a razão.
Quem apenas ama, não necessita de grandes motivações para desamar, basta ínfimas discordâncias, compreensões incompreendidas ou que impere a ausência do desrespeito, o esquecer dos dias em que faltou a gratidão, é se deixar levar pelo desejo da partida do outro.
Sem mais flores, cheiro, sabor, calor, somente o sentimento que errou ao amar.
Mas, fiando que amou como soube amar e que nesse caminho, os "atalhos", as opções, o conviver, formaram, ao próprio desgosto, geleiras nos mais puros sentimentos, urgindo lhe a pressa do adeus.
No desamor, já não há dor na separação, naquela parte que desamou, mas sim, o afã da distância, o avesso do bem querer, o fiar que tudo findou
Que, não sendo infindo tal sentimento, cabe somente a aceitação do findar a relação, pois essa, não lhe é eterna e jamais lhe será
Quem desama não se importa se haverá ou não a aceitação da outra parte, não mais!
Mas, quase sempre, busca em si asas para voar em busca de novos horizontes sem abrir mão de encontrar num novo amor motivos para sonhar e quem sabe, até poder sorrir!
E assim, segue amando um, outro e outro e outro Sem se dar conta que amar é diferente de saber amar!

Quando Faltam Heróis
Minha meninice ficou guardada na infância
Não por desejo próprio, mas por necessidade
Não demorei a me empossar da adolescência
Vívida, alegre, sustentável, amiga e atenta
Adornada de encantos e ais que a sorte causou
Me vi em um destino já traçado, tornei me forte
Passaram lentos e tão corridos esses dias e meses
Muitos deles sozinhos, outros alegres, vezes inglórios
E logo me peguei me embrenhando por caminhos
Que me levaram a ser adulto, um gigante em mim
Trilhando aprendizados, ensinando o que sabia
Imerso em minha pequinês, refletida no espelho
Tomado de espanto nas descobertas inevitáveis
Como a que de um lar não é feito somente
De paredes, portas, janelas e jardim
Como que se estar à margem de um desfile
É o mesmo que não ser o ator da própria vida
E que a vida não é feita de acasos nem descasos
Me vi vivo, decidido numa sinuosa trajetória
Que, de tão necessária era, que minha passada
Era um caminhar sem tino, meio sem destino
E se não tinha destino, sabia eu
Que qualquer lugar seria um bom lugar
Caminhava vivente, quiçá, sobrevivente
Atinei, numa curva qualquer desse caminho
De que muitos esforços foram nulos
Mas não me entreguei fácil e covardemente
E foi para ter justa compensação no por vir
Que aprendi a abrir mão das nulidades vis
E me permiti voar e foi o que fiz
Meus heróis morreram de diferentes maneiras
Restou administrar mil e tantas incertezas
Porque meus heróis não foram muitos
Mas eram os que me haviam e, pelo sim pelo não
Tomei para mim as rédeas de minha vida
E me tornei meu próprio herói nessa construção