Não só não me importo como acho uma honra ser, como se diz, pirateado.
Não só pelo facto de eu próprio ser pirata.
É porque o mundo mudou.
A lealdade e a inteligência acho eu não são divisíveis.
Quem é inteligente, é leal.
Compensa.
Recompensa.
Corresponde.
É verdade que há pessoas leais que são estúpidas mas, nessa lealdade, há já uma irrefutável inteligência.
O poder só dá prazer ao princípio.
Depois vicia.
Com uma agravante: a partir de certa altura, não se consegue arranjar mais.
Aldrabar não é só enganar.
É enganar sem o devido cuidado; sem o mínimo esforço.
Enganar é nobre, implica um mínimo de esforço e respeito pela vítima: ser enganado não é sinal de estupidez.
O tempo que perdemos a fotografar ou a filmar onde vamos e o que fazemos: mais do que interrupções, são subtracções.
O tempo perdido em apontamentos e fotografias é um estúpido virar de costas um roubo à riqueza daquela ocasião, sabida, à partida, finita.
Façam o que fizerem na vida, para ganhar algum, os intelectuais verdadeiros são aqueles que preferem ler a escrever; ler a fazer; quase (quando não têm sorte), ler a viver.
Mesmo que tenham de dizer o contrário.
Ler vem sempre primeiro.
Escrever vem depois.
Quanto mais precisas para viver, mais tens de trabalhar e menos tempo tens para ti.
O maior dos luxos é o tempo.
O tempo é o meu maior património.