Kátia de Souza

Em manhã de verão
Refresco ao sol que arde
Na flor, borboleta

Solitária manhã
Na flor borboleta pousa
doce companhia

Adormece a noite
em festa
no céu, bailam
pequenos grãos cometas
e naquele olhar
brilham estrelas!

És tanto
que já não cabes,
por isso,
transborde.

Enquanto ao ego dermos asas, voar será apenas uma possibilidade.

Não temas a amplidão do percurso, os dias são constituídos de passos.

Na beleza de todos os trajetos
na ternura de jamais sermos sozinhos
na confiança que são, todos os passos,
adiante, precisos, e certos
o que lhe compreende a confiança de se estar certo
A vida, tão imprecisa e incerta, mas ela é sem margem à qualquer dúvida: viva, certa e nela, tudo é "certo"!

Em meio ao nada
do lado macio de quem olha
um sorriso entre lábios
confirma em confiança
O que se sabe
a verdade se estabelece!

A vida e seus diálogos
Iludo me pensando que sei
e assim sei o que ainda não cabe
preencho me de algo que é nada
pois, é isso nada sei
Quando penso que sei
ali há o outro que vai além
disso que pensei saber
ilusório, este não sei
e base desse tudo e nada
Por isso há o senhor
você, tu, o outro
pois também dentro do nada
sabe e cabe dentro do que sei
cala quando vê que sabe
fala quando o não saber não cabe
E assim crescemos, fazemos o saber
na troca do que não sabemos
na partilha desse nada
vamos conhecendo, transformando
por fim sabendo
que saber é movimento
diálogo entre eu e você!

Não basta ser pássaro
a vida pede mais
se faz orquestra
saúda nos num coral
diversos tons numa tela
que nos convida
a semear!

É preciso encanto no olhar
ao reino delicado da natureza,
lendo as sutilezas da vida,
vendo se acolhido, entrelinhas

Oh! ouvido este que se amplia,
infinitos tons em ti acolhes,
quando a Vida em si permites
ouves o Todo, sinfonia!

Tô indo embora
em busca do vazio que me acolhe
e em liberdade,
me permite voar