Mas voltei, não foi Foi também pelos dias que você não voltou, pelas flores que você não deu e, além de tudo, pelas declarações silenciosas que emite em gestos, quando não grita amor, mas ama.
Foram as discussões baratas que me dão vontade de te matar.
Ser passional ainda é crime As briguinhas por um ciúme besta que você nunca assume.
E foi pelo seu jeito de cuidar.
De me cuidar.
De perto, de longe, com os braços ao meu redor e só com os olhos.
Eu nunca precisei de ninguém, mas de alguma forma eu me vi precisando do seu cuidado.
Foi por causa desse seu ar afirmando que consegue a mulher que quiser.
Mas, principalmente, pelos seus abraços apertados de quem diz que eu sou um paradoxo sentimental: seu tudo e também nada.
E nós dois ficamos desnudos e de peito aberto para o que a gente resolveu viver.
Assim, contra tudo e contra todos – até contra nossos nós e nossas personalidades que não sobreviveriam no Coliseu.
Eles disseram que nunca daria certo.
E foi um pouco por isso também.
Porque eu sou teimosa, marrenta e quero sempre mostrar para o mundo que eu luto pelo o que eu quero.
E as vezes que você discorda só porque adora me ver irritada.
Foi por causa dos pratos quebrados, das roupas que eu joguei pela janela e das noites em que eu disse para você nunca mais voltar.
Você me ganhou ali, quando viu a minha parte não tão segura assim escondida por trás de paredes que aprendi a construir nas telas, talvez por falta de cor, talvez por falta de aquarela.
Foi, principalmente, porque você não fez questão.
Não gritou que me amava e, por isso, sem querer, derrubou os obstáculos.
Eu lutei por você enquanto você lutava com todas as forças para fingir que não me queria.
Pra não demonstrar que, escondido, você estava ali me escolhendo também.