Meto me dentro de mim mesmo e acho aí um mundo! Mas antes em pressentimentos e obscuros desejos que em realidade e ações vivas.
Então tudo paira a minha volta, sorrio e sigo a sonhar, penetrando adiante no universo.
ele gosta mais da minha inteligência e dos meus talentos que do meu coração, o qual, todavia, é a única coisa de que me envaideço: fonte da minha força, da minha felicidade e de todo o meu sofrimento.
Ah! O que sei, todos podem saber, meu coração, porém, só amim pertence.
Oh! não poder eu voar até você, meu bom amigo, e exprimir lhe, com a minha emoção e torrentes de lágrimas, os sentimentos que agitam o meu coração! Sinto me ofegante e procuro me acalmar.
Não sou o único: todos os homens estão sujeitos a sofrer dores e ilusões, e ver seus sonhos frustrarem se.
Volto me para dentro de mim mesmo e encontro um mundo! Mais de pressentimentos e desejos que de raciocínios e forças vitais.
E então, tudo flutua ante meus olhos, sorrio e sonhando penetro ainda mais neste mundo.
Eu precisaria ter o talento do maior dos poetas, para conseguir ao mesmo tempo transmitir a expressão de seus gestos, a harmonia da sua voz e a ternura em sua essência.
Trato meu pobre coração como se fosse uma criança doente: dou lhe tudo o que pede.
Mas não diga nada a ninguém: há pessoas que não me compreenderiam.
Tenho tanta coisa, e o meu sentimento por ela devora tudo; tenho tanta coisa e sem ela tudo se reduz a nada.
Duas almas habitam no meu peito, uma da outra separar se anseiam: uma com órgãos materiais se aferra amorosa e ardente ao mundo físico; outra quer insofrida remontar se de sua excelsa origem às alturas.
(Fausto)