Desolado
Caminhei sozinho
Sob a chuva
Não havia mais ninguém
Naquela rua
Enquanto todos a ouviam
De dentro de suas casas
A chuva me tocava
O corpo e a alma
Eu sentia que aquelas gotas
Eram o meu próprio choro
Que caia do meu vazio
Sobre o meu corpo
Frio
Cheque ou mate
Os maus dias
Também fazem parte da vida
Eles colocam em xeque
Tudo em que você acredita
Às vezes pagamos em cheque
Às vezes, mate.
Questão de tempo
Acredito, sim
Que um dia
A vida vai mudar
E se hoje
Só posso te dar uma flor
Sei que um dia
Poderei te dar
Um jardim
Daqui para não se sabe onde
Cá estou novamente
Na janela do ônibus
Vendo como a vida
Passa de repente
O ônibus continua adiante
Numa velocidade constante
Mas será que estamos mesmo
Indo para frente
Dose certa
Qual é a dose certa
A dose de amor é altíssima
A de loucura Talvez maior
A morte é uma overdose de vida
Olhos claros
Ela tem
Os olhos claros
Mas nada rasos
Olhar profundo
É pequena
Porém, maior
Que este
Grande mundo
Bem te vi
Se fosse um passarinho
Queria ser um bem te vi
Para que bem me visses
Como bem vejo a ti
Ou, então, um beija flor
Para que minha vida
Dependesse de te dar um beijo
E de todo o teu amor
Réu
Dizem que as pessoas felizes
Foram condenadas a ver
Tudo de cabeça para baixo
Então percebi que,
Deste crime, sou réu
E que não voava baixo
Mas andava no céu