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Gustavo Lacombe

Nós vamos ter dois filhos, não os três que você queria.
Vamos casar antes dos trinta e ficar juntos até bem velhinhos.
Vamos ter uma casa no campo, para você ter o seu jardim, e uma na cidade, para eu não largar toda essa agitação.
Teremos de tudo um pouco, faltará alguma coisa às vezes, mas teremos a felicidade da nossa casa.
Seremos um casal normal.
Perfeição nunca foi nosso forte.
Nós vamos viajar por onde sempre sonhamos, mas o mais importante é que vamos sempre nos sentir em casa nos braços um do outro.
Vamos visitar seus pais, seus parentes, nos acostumar com as piadinhas, mas eles vão aprender, pouco a pouco, que entre nós é o amor mais forte que existe.
Você será sempre linda.
Adorarei te olhar dormindo, mas melhor ainda será ter o seu sorriso ao acordar e me ver.
Não seremos escravos de nada, mas livres nesse amor.
Poderemos ir e voltar quando quisermos, mas saber que pertencemos um ao outro sempre nos fará voltar pra casa com uma saudade enorme.
Brigaremos, teremos ciúmes e discutiremos por bobagens, mas depois vamos fazer as pazes com um amor mais que gostoso.
Veremos filmes até de madrugada, você vai chorar, eu vou rir.
Você vai ter que aguentar meu futebol, mas até que vai gostar de torcer comigo.
Temos o mesmo time.
Sua mãe vai implicar um pouco, mas quando notar que eu só quero te fazer feliz, sossegará.
Eu vou poder olhar toda hora aquela moldura com nosso retrato, outra com nossos filhos, ou até uma sua, sozinha, com aquele barrigão esperando um dos meninos, e sorrir.
Ou chorar.
Ou agradecer.
Ou todas as opções ao mesmo tempo.
Tudo isso porque você é a luz da minha casa e da minha vida.
Minha estrada.
E eu sonhei isso.
Só não planejei mais porque faltou falar contigo.
Não precisa dar uma resposta logo, mas também sei que nos seus sonhos você já viu algo parecido.
Olha, escrevendo demora muito, mas pra mim, bastou piscar e já vi tudo acontecer.
Meu destino taí, cruzado com o seu.
Vem

Pequena,
joga tudo pro alto.
Acorda amanhã e faz uma mala, uma mochila.
Ou, melhor, nem dorme essa noite.
Espera a vizinhança se aquietar e sai de fininho.
Deixa a porta encostada pra não fazer barulho com a chave nem com o trinco.
Vem com seus pés de veludo até a esquina.
Te espero.
Carro ligado, motor funcionando e o ronco vai se confundir com o que deixou no quarto sozinho.
Larga tudo.
Te peço isso num impulso louco apaixonado, mas com a frieza de quem pensou até não poder mais.
Pesei muita coisa também.
A sua, minha, nossa alegria.
Coloquei do outro lado a tristeza que ele sentirá se acordar e encontrar o lado esquerdo vazio.
Eu já sei faz tempo o lado que você gosta de dormir.
Juro que me pus no lugar dele e não resisti ao fazer este pedido.
Lutei muito contra o egoísmo de querer ter você só pra mim.
Mas não é desse jeito que funciona
Eu sei que você não quer mais essa sua vida.
Vive falando que agora o teu destino é comigo e que quer construir algo nosso.
Deixa a janela entreaberta, faz uma corda fugitiva com lençóis amarrados.
Escapada hollywoodiana em plena madrugada carioca.
Rapel da janela do teu quarto pra escalada dos meus braços.
E não esquece de deixar um bilhete pra ele.
Joga tudo pro alto.
Larga o que eu chamo aqui de “tudo”, mas você vive me repetindo que é nada.
Que não há mais nada.
Se essa carta chegou até você é porque existe quem acredite e apóie essa nossa loucura.
Esse nosso amor.
Nascido do olhar, confirmado nos beijos.
Talvez levando apenas a culpa de você já estar com alguém.
Entretanto, há tempo para concretizar nós dois, Pequena.
Quando se ama nunca é tarde.
Vem, te peço, e me mostra que tudo aquilo que fala pra mim é verdade.
Essa não é nossa última chance, mas é a chance.
Pra quê prolongar
Joga pro alto o que você não quer mais e agarra a gente de vez.
(Gustavo Lacombe)

Às vezes, eu penso que uma música diz tudo que eu queria dizer pra alguém.
Então, sem conseguir reunir coragem ou palavras minhas para ir até ela e me abrir, eu guardo.
Guardo as coisas que queria falar, as poucas letras que se formaram na minha cabeça e qualquer sentimento que por um segundo tenha me enchido e me motivado.
E isso não acontece poucas vezes.
Até porque, não sei que dom é esse que as canções tem de traduzir o que sinto.
Já fiz uma playlist inteira só com formas de dizer “Eu te amo”.
Poderia até ficar nas músicas.
Ou nas músicas de amor.
Só que, em várias outras ocasiões, já me peguei lendo livros, vendo fotos, decifrando obras de arte e muitas delas, de alguma maneira, traduziam alguma coisa dentro de mim.
Estranho isso.
Um professor de português, certa vez, disse que eu não sabia me expressar muito bem, mas que meus olhos gritavam o que eu queria.
Então, o segredo para deixar algo fluir nas minhas redações era apenas fazer com que os olhos “transbordassem para o papel” tudo o que queriam dizer.
Nunca consegui ser assim.
Aliás, dar vazão aos meus quereres, desejos e vontades sempre foi algo complicado.
Primeiro, porque eu não gostava de impor nada a ninguém.
Segundo, porque tinha medo que a opinião dos outros em relação a algo que eu sentia poderia ser ruim.
O que eu aprendi nisso tudo Bom, que perdi várias oportunidades de falar algo e me posicionar.
E, também, que a opinião dos outros não deveria ser tão importante assim.
Mas eu preferi continuar colecionando palavras ao invés de distribuí las.
Queria arrumar alguém para trocá las, como figurinhas.
Alguém pra conversar mesmo.
Assim, bem mais do que perder chances de me fazer ouvir ou declarar o que sentia, fui me guardando.
Da vida, do amor, do mundo, de tudo.
Aquilo que não se sabe dizer, agora sei, não será dito.
Entretanto, o que pode ser colocado pra fora e que ajuda a levar uma vida melhor, precisa parar de travar a garganta e se afogar em covardia.
Como toda teoria, eu ainda não tenho ideia de como fazer isso na prática.
Tão mais fácil colecionar palavras que não tenho coragem de usar.
Às vezes é tão mais fácil calar.