Através da Natureza Morta das Frutas
Numa cesta se encontram maçãs
Belas, avermelhadas e suculentas maçãs!
Junto, uma recheada rachada romã,
Pela tarde ensolaradas laranjas
Maduras e verdes mangas;
O tempo passou
O tempo se alargou
O tempo sem o tempo enfim acordou.
Moscas pousam nas maçãs pretas
Na romã, apenas pálidas sementes
As laranjas agora dia a dia mais azedas
E as mangas enrugadas em seus ventres.
Uma natureza morta
tal qual uma humanidade
Que caminha torta, torta, torta
Um descaminho sem idade.
Maldito seja quem tenha comido a maçã!
Que não percebeu as passagens do tempo,
E alimentou se sem consciência sã.
Condenara sua própria espécie ao desalento.
Agora resta nos apenas decompor,
Na mãe terra e em seu vão,
Afundar e acabar com a dor;
Esperar novas flores renascentes de seu chão.