Eu não sou muito má, mas, em compensação, sou extraordinariamente orgulhosa, e de todos os meus imensos defeitos é esse que eu mesma mais tenho combatido em vão.
Estou cansada, cada vez mais incompreendida e insatisfeita comigo, com a vida e com os outros.
Diz me, porque não nasci igual aos outros, sem dúvidas, sem desejos de impossível E é isto que me traz sempre desvairada, incompatível com a vida que toda a gente vive
Diz me, porque não nasci igual aos outros, sem dúvidas, sem desejos de impossível E é isso que me traz sempre desvairada, incompatível com a vida que toda a gente vive.
Neste mundo só temos certa a dor e nada mais; dizem que a dor é para os eleitos e se só os maus são felizes, bendita seja a desgraça que nos torna bons!
Afinal, quem é que tem a pretensão de não ser louca Loucos somos todos, e livre me Deus dos verdadeiros ajuizados, que esses são piores que o diabo!
Para as traições, para as mentiras, para o que é vil e falso, tem a gente remédio: tem o orgulho; mas para a dor que te faz mal, para essa nenhum remédio há.
Não quero criar em volta do meu trabalho a mais leve sombra de escravidão.
Conheço me; nunca mais faria nada de jeito.
Dizes contentar te com pouco; é essa, na realidade, a suprema sabedoria mas eu fui sempre a grande revoltada e a grande ambiciosa que só quer a felicidade quando ela seja como um turbilhão que dê a vertigem e que deslumbre!
A felicidade na vida é já uma coisa tão restrita e quase convencional que tirar da vida uma parcela mínima desse luzente tesoiro, tão ambicionado e tão quimérico, é a maior das loucuras humanas.
Por aquela tão doce e tão breve ilusão Embora nunca mais Depois de que a vi desfeita Eu volte a ser quem fui Sem ironia aceita A minha gratidão