Mistério Gosto de ti, ó chuva, nos beirados, Dizendo coisas que ninguém entende! Da tua cantilena se desprende Um sonho de magia e de pecados.
Dos teus pálidos dedos delicados Uma alada canção palpita e ascende, Frases que a nossa boca não aprende, Murmúrios por caminhos desolados.
Pelo meu rosto branco, sempre frio, Fazes passar o lúgubre arrepio Das sensações estranhas, dolorosas Talvez um dia entenda o teu mistério Quando, inerte, na paz do cemitério, O meu corpo matar a fome às rosas!