Do meu tempo de infância trago muitas histórias engraçadas contadas pelo meu velho pai.
Com o passar do tempo, descobri que eram histórias que renderiam muitos ensinos em meus sermões, por isso hoje em dia, eu faço uso de muitas delas.
Como essa por exemplo,
Na década de setenta, meu pai foi enviado como missionário para o estado do Mato Grosso, trocávamos o conforto de uma linda cidade no sul do Brasil por uma aldeia indígena na selva do norte do país.
Da linda igreja onde ele era pastor, levamos apenas os hinos cantados pelo organizado grupo de louvor que participávamos.
A chopana construída para a “igreja”, era o lugar que se reuniam nossa familia, alguns índios que entendiam o nosso idioma e Jesus.
Com o passar dos anos a civilização foi se aproximando de onde estávamos, e como eram terras do governo, as pessoas se apropriavam de grandes somas de áreas derrubando o mato para construir pastagens, dizia se que sua fazenda poderia ser do tamanho que seu dinheiro conseguisse comprar em arame para cercar, e isso era feito com voracidade pelo povo que vinha do sul determinado a mudar de vida no “El Dorado” matogrossense.
Mas, logo o governo resolveu acabar com a festa dos novos ricos, e funcionários do INCRA, começaram a visitar fazenda por fazenda, o governo queria saber a exatidão de cada área “grilada”, para que fosse cobrado impostos e assim legalizar as propriedades.
Numa dessas visitas, chegaram a um velho fazendeiro e comunicaram o início das medições, mas foram recebidos com uma espingarda carregada até o dedo no gatilho e apontada para o funcionário armado apenas com uma caneta e uma planilha, nesse caso, venceu o fazendeiro que orgulhoso de sua valentia acompanhou com o olhar o carro sumindo na estradinha da fazenda.
Não demorou muito para voltarem acompanhados por um distinto senhor com uma credencial nas mãos, era um Oficial de Justiça com ordem do juiz da cidade para prender quem oferecesse qualquer tipo de resitência àquela determinada tarefa, – Bom, nesse caso diz o velho, vocês podem ficar a vontade, sinal de que o carteirasso surtiu efeito fazendo o fazendeiro mudar de opinião.
Ao entrarem nas terras, foram recebido por um touro bravo que parecia também não querer que as terras fossem medidas, e fez os visitantes voltarem com a língua de fora pedindo socorro ao velho fazendeiro, Por favor diziam eles, prenda esse touro porque não conseguiremos trabalhar com ele solto no pasto!
O velho sentado na varanda da casa pacientemente respondeu ao Oficial, Ué!! porque o senhor não mostrou a carteirinha para o boi Vai resolver com ele, isso não é problema meu seu “dotô”!!
Fico aqui pensando nos tipos de pastores de hoje em dia, munidos de suas credenciais querem fazer a obra de Deus pensando que o diabo tem medo de carteirasso, Autoridade Espiritual se adquire com joelho no chão e propósito com Deus.
Curso para ministro até tem suas utilidades, mas achar que ao concluir e se afiliar a determinadas organizações fará de alguém autoridade espiritual é perda de tempo( ) Vá mostrar carteira para o diabo pra ver se ele respeita!!! Quero ver respeitar.
Nem boi respeita.