Não leio palavras nos teus olhos
mas vejo com a sua luz
um tempo de céu
um paraíso
um mar que me seduz
Não leio palavras nos teus olhos
leio a prata dos silêncios
e o barulho dos sentidos
Vontade
Despida de roupa
e de falsidade
quero a nudez pura
na plenitude da tua pele
acesa
Quero te assim
iluminada e tensa
como quem pensa
que me pode perder
e só me tem a mim
Duelo
À carne expectante
anuncio o meu corpo
em trovoada de sentidos
Há dores
cheiros
gemidos
na tua terra queimada
Na promessa de redenção
crestam se os lábios
E as chagas
É tempo amor
Sangra me a sede mais feroz
e mistura a tua noite
ao meu veneno
"Lisboa"
Lisboa
Reflexo doce do Tejo
Caminho de luz coada
De encontros
Com água
Azul
E pedras da calçada
Gente e brumas
Cheiros e mágoas
Lágrimas de um tempo que se esgota
Penoso
Quando nos afastamos
E nos esquecemos
De amores
Barcos
E gaivotas
Por coração uma pedra
e no corpo este vazio
Crescem a sede
e as mágoas
no parado deste frio
Se vens acordo
e esqueço
que o coração de pedra não sente
Volto a ser rio
Entre Nós
Entre nós
Os silêncios
São palavras
Penduradas no olhar
Entre nós
O desejo
É o que vejo
À flor da tua pele suada
E sem palavras
Dizemos tudo
Sobre o mar do nosso fogo
Mar de estrelas
infinito constelado
e eu contigo a meu lado
homem
e nú
sedento como areia
num deserto
E a tua água tão perto