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Edgard Abbehusen

Já perdemos muitas batalhas.
Perdemos familiares.
Gente de bem, tão querida e amada, que sua falta nos tirou o chão.
Perdemos amigos, através das circunstâncias que a vida nos impõe ou diante de fatos consideravelmente relevantes que nos obrigaram a nos desprender.
Ao longo da vida, independentemente do tamanho da estrada, deixamos muitas coisas para trás.
E isso deve ter machucado muito pois, nem sempre, queremos nos soltar.
De um abraço, de uma boa conversa, de uma cidade.
De uma casa que abriga amor, compreensão, tolerância.
De um lar que, com toda adversidade chamada família, era o ninho perfeito para curar qualquer aflição.
Já perdemos prova.
Perdemos o primeiro lugar.
O segundo.
Ás vezes, perdemos tanto, que nem ficamos entre os dez.
Perdemos coisas.
Aquela coisa que a gente achou que iria ter pra vida toda e seria a nossa referência de saudade e boas lembranças no futuro.
Perdemos todos os dias.
Perdemos chances de sermos justos, de sermos bons.
Todo dia, alguém necessita de uma palavra amiga e nós, simplesmente, perdemos a oportunidade de sermos o portador dessa luz.
A gente perde, sempre.
E essas perdas angustiam.
E os amores que perdemos Por comodismo, por sermos infantis, imaturos, incompreensíveis.
Por perdemos a capacidade de nos colocar no lugar de alguém, talvez.
Amores que nos davam norte e era o nosso solo firme.
Perdemos e choramos.
Gritamos por dentro, de um lugar onde só a nossa alma era capaz de ouvir.
Noites de desespero.
Prantos e lamentações.
Perder é muito ruim.
Perder, talvez, seja a vida nos dizendo que não somos perfeitos.
Não somos invencíveis.
Nós somos pessoas simples, que podem perder ou ganhar a depender das escolhas que iremos fazer.
Mas, também, perder é uma das maiores provas de resistência que temos.
A maior prova de que somos fortes é que chegamos até aqui.
Vivos e dispostos a ganhar.

Sonhamos alto e os outros alertam para que os nossos pés sejam mantidos no chão.
Nos exigem notas, diplomas e um bom emprego.
Já nascemos e, ao nosso redor, os olhares que nos acham fofos serão os mesmos que vão mandar a gente desistir de lutar para ser feliz.
Vão pegar os nossos sonhos, amassar e jogar na primeira lata de lixo que encontrarem pela frente.
Colocam a gente na fila pra andar em linha reta aguardando o abate.
Como se a felicidade fosse um ‘tabu’, a gente segue a boiada.
Diplomados e empregados, ganhando um certo tostão por mês.
Pagando as contas.
Comprando remédios.
Casando sem saber se é amor, colocando filho no mundo porque disseram que isso faz parte.
Na igreja, no templo.
Ouvindo e respondendo ‘amém’ as promessas do paraíso.
De longe, Deus nos observa com os olhos do sol que dorme e acorda todo dia na esperança de que a gente vire a mesa.
Mas a fila é grande e a vontade não pensa.
Temos que seguir a boiada que vai.
em busca do ouro do arco íris que ninguém avisou que é preto e branco.
Estamos sozinhos.
E que a gente tenha força de vontade e fé suficiente pra ser feliz sem seguir a boiada.
Que não sejamos só mais um.
Que a gente pense no todo.
No universo, em geral.
Em cada detalhe que Deus nos deu para ser feliz e a gente desperdiça toda hora e todo dia.
É que não existe bíblia debaixo do braço que nos salve das bobagens que fazemos ao outro para chegar ao pote de ouro.
O arco íris prometido é preto e branco.
Por isso temos que colorir a caminhada.

Eu acho lindo o amor entre casais que se amam.
Acho lindo demais aquele senhor na praia com a sua mulher mais nova.
Ou aquela mulher madura beijando o seu jovem amado.
Acho foda quem admira, sem julgar.
Sem especular.
Afinal, jogo de interesse também existe nas relações convencionais.
É preciso muito amor e muita coragem para embarcar naquilo que foge dos padrões aceitos por uma sociedade nascida na hipocrisia e mergulhada em preconceito.
O amor não tem nem tempo pra essa confusão que as pessoas fazem no amor dos outros, gente.
Nem tempo para regras que a gente quer impor a quem se ama.
O amor pode acontecer em frações de segundos e durar uma vida inteira.
Ou pode ser construído durante anos e, simplesmente, acabar.
Por descuido.
Por acaso.
Por um detalhe.
Vida longa aos casais que se amam.
Que eles sejam eternos enquanto duram.
Viva a quem se expõe, mesmo.
A quem grita ao mundo que amar vale a pena.
O amor é atemporal.
Está fora do domínio dos ponteiros de um relógio.
Por sinal, o amor não usa relógio.
Nem anda com pressa por medo dos atrasos.
No fundo, ele sabe que só chega na hora certa, independente dos contratempos do caminho.
Independente da diferença no ano fixado no RG.
O amor não pergunta nada a ninguém.
Ele simplesmente acontece.
Que a gente aprenda a ligar o foda se e a amar sem medo.
A viajar sem destino ao lado de alguém que nos faz bem.
A escutar os críticos e continuar caminhando.
A escutar as piadas e gargalhar na cara de quem conta.
A escutar o ‘eu te amo’ de quem a gente ama e suspirar fundo.
Cada dia mais amando mais.

Ela conta o tempo com as marcas que carrega no sorriso.
Uma forma que encontrou de, apesar de tudo, expressar alegria cativante sem esquecer do gosto salobro das lágrimas que lavou a sua alma.
Seu coração, massacrado, ainda bate.
E isso, pra ela, é uma virtude e um sinal.
Sinal de que se ele, que tanto doeu, continuou batendo, porque ela haveria de parar E aquele sorriso atraente seguiu à risca as ordens.
Brilhando.
Por onde ela anda, explodem rastros de superação que inspiram outras dezenas dela.
Meninas, mulheres.
Que se espelham tentando sobreviver a essa onda de desilusões sistemáticas.
As marcas do seu sorriso é o recado para quem hoje chora o desespero do livramento daquilo que tortura o peito, nos trilhos pavorosos que carregam vagões cheios solidão.
Sua resiliência ensina que ser feliz é a única e mais inteligente forma de seguir em frente.
Por mais que as dores sejam intensas a ponto de fazer curva o corpo.
No jogo da vida, ela diz, não perdemos nada além daquilo que não era pra ser nosso.
Entendê la é compreender que seguir em frente não basta.
Que dançar na balada ao som de modões e copos cheios de álcool não é suficiente.
Que beijar bocas anônimas e declamar poemas de desapego em legendas de selfis só causam ruídos na comunicação entre o que você é e aquilo que você quer acreditar que seja.
Entendê la, é perceber que o sorriso de felicidade vem após a exata compreensão da vida.
E que, assim como ela, as que admiram ela também irão carregar em seus sorrisos abertos um livro de experiências, saudade e amores que não deram certo.
Entendê la é saber que um dia ela, e as que admiram ela passar, irão se olhar no espelho, respirar fundo e pensar: Ainda bem que não deu certo.
Mas, um dia, dará.