Ela conta o tempo com as marcas que carrega no sorriso.
Uma forma que encontrou de, apesar de tudo, expressar alegria cativante sem esquecer do gosto salobro das lágrimas que lavou a sua alma.
Seu coração, massacrado, ainda bate.
E isso, pra ela, é uma virtude e um sinal.
Sinal de que se ele, que tanto doeu, continuou batendo, porque ela haveria de parar E aquele sorriso atraente seguiu à risca as ordens.
Brilhando.
Por onde ela anda, explodem rastros de superação que inspiram outras dezenas dela.
Meninas, mulheres.
Que se espelham tentando sobreviver a essa onda de desilusões sistemáticas.
As marcas do seu sorriso é o recado para quem hoje chora o desespero do livramento daquilo que tortura o peito, nos trilhos pavorosos que carregam vagões cheios solidão.
Sua resiliência ensina que ser feliz é a única e mais inteligente forma de seguir em frente.
Por mais que as dores sejam intensas a ponto de fazer curva o corpo.
No jogo da vida, ela diz, não perdemos nada além daquilo que não era pra ser nosso.
Entendê la é compreender que seguir em frente não basta.
Que dançar na balada ao som de modões e copos cheios de álcool não é suficiente.
Que beijar bocas anônimas e declamar poemas de desapego em legendas de selfis só causam ruídos na comunicação entre o que você é e aquilo que você quer acreditar que seja.
Entendê la, é perceber que o sorriso de felicidade vem após a exata compreensão da vida.
E que, assim como ela, as que admiram ela também irão carregar em seus sorrisos abertos um livro de experiências, saudade e amores que não deram certo.
Entendê la é saber que um dia ela, e as que admiram ela passar, irão se olhar no espelho, respirar fundo e pensar: Ainda bem que não deu certo.
Mas, um dia, dará.