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Arcise Câmara

A cura interior é um processo doloroso
Nem sempre a vida proporciona alegria, às vezes a gente se chateia, nunca conseguimos terminar o que nos propusemos a fazer, ou ficamos tristes por não conseguir comprar aquele vestido em meio à crise.
A vida vai passando e vamos aprimorando a capacidade de tomar decisões em todos os campos da vida, depois de patética sucessão de erros a gente vai aprendendo com as lições que a vida dá.
Criei o hábito de devolver ao universo aquilo que não me serve, chafurdei um pouco meu coração e visualizei várias coisas desnecessárias.
Comecei com as pequenas mudanças, aquelas que incomodam menos.
Tive que enxugar as lágrimas, mesmo que eu me sinta forte, elas insistiam em cair, afinal toda mudança é dolorosa e eu estava topando qualquer coisa para ter mais qualidade de vida.
Sempre acho que aquilo que escolho é o melhor, algo que vou amar por toda vida, mas a vida é bem diferente de tudo isso, a gente deixa de se encaixar, o que era maravilhoso perde a importância com o tempo.
Gostaria de poder ter dito que “ainda não”, ou poder ter dito mais “não posso”, ou “não quero” ou ainda, “não devo”, “não estou a fim”, usar essas frases libertadoras sem sentir culpa ou remorso.
Passei a dar valor as minhas coisas, tudo conquistado, com suor, sacrifício e honestidade, passei a pensar na vida que desejo ter daqui a 20 anos, pensei em dialogar mais sobre tudo que virou tabu ou me engessou a consciência.
Criei a cultura do desapego, senti mais felicidade em dar e achei mais importante do que acrescentar.
No entanto, mesmo com muitas novidades positivas ainda existe uma ferida muito grande.
Tenho medo de mulheres inseguras e desconfiadas, medo de abrir a boca e levar uma bronca, medo de acreditar na crueldade como punição, medo da morte não compreendida, medo de fazer jus a rótulos.
Estou em processo de cura.
Arcise Câmara

Toda Separação tem um Luto
Hoje foi um dia histórico, não me ligo a datas, não guardo roupas importantes que marcaram a minha vida e tenho o desapego como ferramenta.
E hoje rememorei um histórico de vida que me levou ao casamento e me enquadrou ao divórcio.
Sofri, chorei, neguei, tive crises de raiva, mágoas, ira, não aceitava o fato de ter perdido o homem a quem tinha prometido amor eterno.
É incrível como a separação e a morte faz de seres imperfeitos, verdadeiros mártires e santos.
Não estava feliz, olhando para trás era uma relação desfuncional, era uma relação de competição e imposições, erramos juntos, fomos por caminhos tortos, esburacados e escuro, nos desencontramos e nos perdemos.
Eu tinha uma vida pesada, com brigas, com mandos e desmandos, com faça assim, faça assado.
No entanto, eu estava amando a vontade de estar acompanhada, eu estava amando o amor eterno, o convívio eterno e o até que a morte nos separe.
Virava e mexia falava dele e não me culpava, falava dos momentos bons e dos momentos ruins.
Sentia saudade de tudo que foi belo, intenso, verdadeiro.
Fui refletir sobre o passado, o presente e o futuro, fui reviver a minha história já vivida e entendi que meu luto terminou.
Não há mágoas, não há raivas, não há respostas para perguntas e nem perguntas para obter respostas.
Não me interessa o que ficou por resolver, não me interessa o vácuo, o vazio.
Não me incomodo com mais nada, não dói, não sinto, não quero.
Passou! Hoje me sinto preparada para um novo amor.

Somos água eterna
O mistério da vida me fascinava e eu queria compreendê lo melhor, busquei várias espiritualidades, algumas senti a energia.
Eu estava tendo dificuldade para me adaptar à nova vida.
O melhor dos seres nas redes sociais não existia, precisava de meditação, descobri que o espelho mentia para mim.
O ritmo de uma mulher é bem diferente do ritmo de homens.
Eu gosto da ideia de ter um segredinho, de ficar na dúvida, de não ser vítima de um destino, eu também amo passados e curto situações intermediárias.
Sou adepta da saúde em primeiro lugar
Sou de insight, sou de convicções, sou um ser indisfarçável, sábia e indiferente, curto esportes modernos.
Cada vez entendo menos os ciclos da vida.
Eu não consigo descansar a cabeça.
A minha busca mística foi a melhor coisa que já me aconteceu, eu não consigo explicar.
Mudou até a minha casa que ficou mais limpa e bem arrumada.
Quando as coisas estão arrumadas por dentro há uma necessidade de arrumação por fora.
Convivi com crianças com dificuldades especiais desde sempre e não sei ao certo o que Deus quer nos mostrar, eu banco a garota paciente que não sou, eu me dava menos valor.
A vida nos permite ser diferente, sou a voluntária impulsiva que se sente livre para sair dos projetos que não se identifica.
Todo esse ritual de escolhas nem sempre são pautadas na verdade que nenhum de nós sabe qual é.
Era preciso fazer uma escolha acertada, algo que me preenchesse por dentro.
Precisava beber o remédio do silêncio e da tranquilidade, não me envolver em riscos no trabalho.
Odiei instantaneamente ter que saber todas as respostas, fiz uma tremenda propaganda dos meus últimos trabalhos, apurei o meu eu em cada um deles, fui acadêmica e sonhadora.
Nessas descobertas entendi que o amor vem de dentro para fora e que eu estava pronta para viver de forma confortável com o que eu acredito ser e minha responsabilidade perante o mundo.

Por muitas vezes me senti sem lugar na família
Filha do meio, de um lado a primogênita, o cérebro da família e claramente a preferida da mamãe e do outro o caçulinha homem, a cara do pai.
Eu queria meu lugar ao sol, mesmo sendo dramática e mais sofredora que a Maria da novela mexicana
Faltava perfeição, nobreza, coragem e visão, faltava autoestima e maturidade nossa de cada dia para ver que nada mais era do que competição e comparação.
O fato de o meu irmão precisar de uma chuteira daquele valor naquela época não implicaria um presente no mesmo valor de algo que eu não estava precisando no momento, mas era a vítima, a adotada, a coitada, caso isso não acontecesse.
Passava a semana toda rabugenta e afastada, apesar da infância superfeliz na bola da Suframa, no jambeiro da casa de minha vó, me recusava a falar sobre o que estava perturbando e evitava todas as alternativas de aproximação com a minha mãe, era próxima não tão próxima.
Cresci achando que deveria ser recompensada por dedicação, faz parte do processo esperar retorno de algo positivo e me distanciava a cada negativa sofrida.
Para imenso alívio da família amadureci rapidinho ao decidir morar sozinha, andando com as próprias pernas apareceu um clarão nos meus olhos do quanto era injusto com a minha família quase perfeita e o mau humor foi embora e a síndrome de coitada também.
Hoje agradeço pelos nãos que recebi, pela desigualdade na criação, sim não somos iguais, para alguns filhos é preciso firmeza para botar para estudar, já para outros nem precisa mandar estudar, agradeço pelas frustrações, pelas tristezas e pelo meu drama, isso me fortaleceu um bocado.

Amor e Morte
Amigos que não sabem consolar com palavras, não conseguimos resolver imediatamente a vida quando acabamos de perder quem amamos, não há chances de voltar atrás, não há razões para sorrir, o espaço é apenas para chorar e depositar flores.
Passa um filme com uma memória seletivas só das qualidades, a pessoa é vista como a melhor pessoa do mundo, única e que desempenhou bem sua missão nessa terra, sem necessidade de perder a cabeça à toa, sem a teoria dos apegos, com a diferença notável de bom cidadão.
Custei a me socializar novamente, culpei me por não ter vivido intensamente, foi um pouco chato ter pendências afetivas com o pai, a mãe, atitudes que jamais esqueceremos, mesmo que com o tempo nos desinteressam pela culpa.
O perdão nos faz refletir e até mudar caminhos, despachar a culpa de férias é dar o troco e mover para seguir em frente, todo coração é um guia, o mundo conspira em sintonia com nossos desejos.
Máscaras sociais não nos fazem feliz, nem sempre somos intencionalmente enganados, o compromisso e o amor também provocam cegueiras, nem sempre o que queremos significa paz, amor, tranquilidade e perfeição.
A culpa nos faz ter sentimentos de inferioridade, a morte pode acontecer subitamente com qualquer um, as coisas mudam, mas nem sempre de verdade, assumir as responsabilidades de ser eu mesma, não sucumbir as tentações, evitar o controle e me sentir importante mesmo em frangalhos.
Comecei a levar trabalho para casa, precisava me sentir útil, presente, viva, conversar abertamente sobre o meu parceiro que acabava de partir de vez, acostumar me sem sua presença, aprender mais uma lição de vida.
Prometi muitas coisas e não cumpri, deixei de ser popular, tornei me mil vezes mais afetuosa, não por bondade e sim por medo do remorso, não conhecia bem a mim mesma, não sabia que junto com a morte de quem amamos a gente morre junto um pouquinho, faltava consciência para essa certeza da vida.
Aceitei que as criaturas vêm e vão, que é uma tremenda sensatez viver intensamente sempre invadida por uma sensação de felicidade dando importância as coisas importantes e deixando em quarentena pensamentos inúteis e condutas não colaboradoras.
Sempre fui mulherzinha, agora precisava aprender a ser forte, a controlar emoções, a correr riscos dos julgamentos, as decepções de quem acha que sabe o que devo fazer, os sonhos frustrados de quem se aproximou por curiosidade.
Eu vivi o amor verdadeiro, eu não discrimino quem não se entrega ao amor, eu não sei viver com hostilidade e desdém, sou fã de generosidade, não curto representar um papel, mesmo que sejam tendências coletivas.
As pessoas sentem atração por quem compartilha suas atitudes, ficam inquietas com quem pensa diferente, não abro mão do que existe de melhor na minha vida que é minha paz de espírito, meus valores, minha “modernidade”, meus fundamentos talvez diferentes da maioria, sem pânico, aceitando o meu destino.
As crises vieram em etapas, voltei a me envolver com a família, não aguentava mais tanta pressão, de um lado a esperança de um novo casamento, do outro, a desesperança em encontrar alguém parecido num mundo de desiguais.
Estava com um vazio no coração, nada igual ao que algum dia eu teria sentido, era uma separação permanente, com rapidez e sem descansos.
Eu era cortejada por todos, inclusive pelo consumo.
Vários relacionamentos eram reatados o meu não tinha essa possibilidade, só se eu morresse, só se a vida acabasse, sem me entregar e crescer no meu destino.

2012 acaba logo
Sou uma pessoa de ciclos, bastou 4 episódios ruins e tristes para que eu desistisse de 2012 e olha que sempre amei anos pares (não estou falando de numerologia não, se somar 2+0+1+2 dá impar, estou falando de número par mesmo, o tradicional 2012).
Um luto e um problema familiar, um quase suicídio da minha gatinha, um princípio de incêndio, esses foram os motivos que decidi dar bye bye, adeus a 2012, sei que sofrimento fortalece, são experiências que você experimenta amar o outro, refletir, oferecer o sofrimento por aqueles que sofrem, fiz tudo isso com amor, cresci e amadureci, mas meu coraçãozinho está quase in far tan do.
Por onde anda meu controle emocional
Os ciclos se fecham da seguinte forma: mudo o perfume, corto o cabelo ou qualquer coisa do gênero.
Cada ciclo que se fecha, deixo para trás algo velho e faço uma renovação simbólica no externo e profunda no interno.
Sei que ainda tenho meses pela frente, o mundo não pára até eu consertar meu coração, me reerguer, fortalecer as estruturas.
Então tenho duas opções ou eu esqueço que ele existe e vivo minha vidinha mais ou menos, ou eu acelero esse tempo para que 2012 acabe rápido, sabe como SENDO FELIZ! Sim porque momentos felizes voam, momentos incríveis passam na velocidade da luz.
Um minuto numa fila esperando (odeio esperar) é eterno, um minuto ao telefone com o melhor amigo é um flash, um piscar.
Felicidade é assim, são momentos preciosos, e quando você se der conta já tem novos ciclos para fechar.
Mas com isso novas portas se abrem, novos caminhos se percorrem e essa mutação toda ou te leva pra trás ou te leva pra frente.
Quem fica parado, inerte, fica pra trás, pois a vida é um eterno caminhar.