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Aline Mariz

Gravado em mim
Eu odeio esse seu jeito de ser tudo que eu sempre quis.
Odeio esse seu jeito de se vestir, porque ele é exatamente como eu queria que fosse.
Odeio seu jeito de falar, de andar, de mentir.
Odeio o sorriso dos teus olhos e o som da tua risada.
Odeio cada palavra que me lembra você.
Odeio as músicas que você escuta, porque eu as tinha feito como nossas.
Odeio essa sua mania de sorrir sem jeito quando me pede desculpas.
Odeio quando você me faz acreditar em cada palavra que sai da sua boca.
Odeio o caramelo que preenche seus olhos.
Odeio me perder nesse seu sorriso e não saber me encontrar no final.
Odeio esse seu jeito de ser tudo que eu sempre quis, e não te ter só pra mim.
E o maior problema é que tudo isso que me faz te odiar é exatamente a mesma coisa que me faz te amar.
Essa tua cara de sono, que fala sem nem saber o que diz; essa tua mania de insistir no que já não tem mais jeito; esse seu jeito de saber me usar, de me conhecer, de me convencer Parece até que você tinha o meu manual de instruções, porque você sabe me decifrar em cada palavra e pensamento meu.
Mas o que eu mais detesto é quando você desfaz o nó que nos amarrava e vai embora.
Me deixa aqui, sem ter nem sequer um porquê.
Você vai e eu fico em vão É como se você levasse junto tudo o que faz parte de mim.
Você não pensa nada, só em você mesmo; esquece de tudo e simplesmente vai se embora E me deixa aqui, com o coração estendido no varal, secando as feridas e com a esperança já no fim.
A esperança vai acabando e você ainda não voltou.
O relógio marca os minutos, os minutos vão formando horas, as horas formam dias e você não volta.
É quando, antes que o vento pudesse secar o resto de uma gota de esperança, você chega.
Chega com o sorriso que eu mais gosto estampado na cara e com palavras que sempre me convencem.
E eu odeio quando você faz isso, porque você sabe que independente de quando chegasse, meu coração ia continuar lá no varal, estendido, só esperando você voltar; você sabe que meu coração está impregnado de você, e que por mais que eu queira, não consigo tirar seu cheiro de lá Tornou se permanente em mim.
Eu odeio quando você chega e, tão facilmente, me pega de volta.
Odeio saber que não te tenho do mesmo jeito que você me tem.
Odeio quando você mistura as palavras e me faz acreditar que seu coração é de todo meu.
Odeio o barulho que o silêncio faz quando você some.
Odeio esse teu jeito inteiro; da cabeça aos pés, em cada pedaço teu Odeio teu tudo e teu todo, porque ele ainda me faz te amar como eu já não devia.
Odeio não conseguir te arrancar de mim, desde o dia em que você me mostrou a freqüência que era só nossa Desde o dia em que eu te transformei numa canção, e te gravei em mim, de um jeito pra nunca mais te perder.

Exceção
“ ( ) o murchar das flores é o sinal do nascimento dos frutos; e dos frutos vem a semente e o ciclo do coração se as flores não murcharem, como há de existir frutos e sementes Até os lírios murcham.
Eu queria que as flores durassem para sempre.
Assim como as primaveras
Mas a gente guarda pelo menos a lembrança delas, não é De certo modo, elas nunca morrem.
Entende
Entendo.
Também concordo.
Se você quer eternizar é só guardar direitinho, como uma flor dentro de um livro.
Eu tenho flores guardadas assim.
Eu tenho amores guardados assim.”
Engraçado que independentemente do tempo correr ou passar se arrastando, a gente tá no mesmo lugar, morrendo de saudade um do outro.
Não importa se um dia foi espinho ou se já é flor de novo, eu te guardava – e guardo – de todo jeito, desde sempre.
Você bem sabe dessa minha mania de passado, essa coisa de lembranças, detalhes.
Canceriana demais.
Cancerianos demais.
Amor amizade: talvez a melhor definição de alguma coisa que a gente já fez.
Esse amor raro, misturado, feito para nos levantar e derrubar ao mesmo tempo.
Tão nosso.
A gente nunca conseguiu se deixar ir.
Mesmo com todos os desapegos, tentativas de expulsar de dentro do coração, investidas falhas e limites incertos: a gente nunca parou de se guardar.
Nem que tenha sido de uma forma escondida ou escancarada mas mentida , a gente nunca conseguiu quebrar nossa promessa.
Nem mesmo quando a primeira música que te mostrei dizia que eu ia embora.
É bom saber que no fundo, no fundo, a gente nunca mudou.
Nem iremos.
Uma delícia ouvir que ainda te causo sorrisos.
Você sabe que por aqui também.
O jardim continua bagunçado, como sempre, mas bem cuidado.
A cada flor que nasce, lembro do significado de “cativar”.
Lembro de você, nem que por meio segundo.
Lembro tanto de como me deixei ser cativada por uma pessoa tão inconstante quanto eu.
Logo nós, que mesmo tão cancerianos, temos toda essa falta de certeza.
A gente sempre vai ser esse parêntese em aberto.
Guardo flores assim.
Cartas, caixas.
Você.
Amores também.