Dos amores e verbos
Embrutecer se,
tecer corpo, alma e coração juntos
Brotar em si o bruto,
construir paredes,
fortaleza corporal e interna
Esquecer das flores, do céu, do mar
Enxergar cinza e alto,
como os prédios da cidade
Deixar ir as coisas passadas
e amar apenas o que restar,
ainda que nos poços mais fundos de nós mesmos
e falhos, como tudo que é humano
Embrutecer como quem escolhe esse caminho
não porque quer,
mas porque precisou
e teve que catar a coragem
(aquele milésimo de segundo de coragem)
para seguir de pé firme com a decisão
Ir se embora
e se endurecer de si mesmo,
invenção como que num piscar de olhos,
como que na contradição do tempo:
demora se tanto e pouco, ponteiros param e correm
do mesmo jeito que o amor nos fere
e aos trancos,
embrutece