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Alexandru Solomon escritor

E la nave vá e ritorna
É preciso admitir que o Exmo.
Senhor Ricardo Lewandowski chuta melhor que seu homônimo que atua no Bayern de Munique.
Pegou de voleio uma proposta de destaque, driblou o artigo 52 da nossa Constituição e, pronto! É o caso de se dizer que foi um golpe de mestre, no qual não pode ter havido improvisação; foi uma jogada ensaiada.
Querer anular a votação do destaque levará o processo à estaca zero, o que, na ausência de jurisprudência, significará uma interminável coreografia em torno do tapetão com desdobramentos tenebrosos.
Tapetão lembra tatame, de ashi barai, osotogari, rasteira, em suma.
Os beneficiários já são os já conhecidos alvos da Lava Jato.
Poderão ser cassados e voltar a candidatar se alegres e sorridentes, com a quase certeza de serem “inocentados pelas urnas”, e assim, engrossar, ou na pior das hipóteses, manter constante o famigerado contingente dos 300 picaretas.
Quanto à “presidenta inocenta”, na pitoresca expressão do Senador Lindbergh, além de poder alegar total inocência, já que foi condenada pela metade – a velha história do copo meio cheio, meio vazio, não fica claro, com o currículo que possui, que emprego ela poderia conseguir, fora da órbita companheira.
O tempo dirá.
O melhor que resta ao comando petista seria explicar aos ‘movimentos populares’, “exercito dos Boulos e Stédile” que “oposição implacável” não significa depredar bens públicos ou privados nem a institucionalização da baderna como forma de diálogo.
Seria um gesto de grandeza do qual dificilmente será capaz.

Conversa (des)afinada, por Alexandru Solomon
Uma fábula moderna
Determinado cidadão incomodado com o visual do Lula, nutre o projeto de raspar lhe a barba.
Daí, sabedores dessa vontade secreta, um barbeiro e um ajudante (de barbeiro, obviamente) marcam uma reunião com o sonhador.
Na reunião o barbeiro louva seu talento em raspar barbas e oferece se para ajudar.
No meio da reunião que decorre em ambiente cordial, discussões sobre qualidades de navalhas rolam soltas, meu personagem ouve uma batida na porta.
Entra o tio dele que pede desculpas pela invasão, mas como conhece o barbeiro cumprimenta polidamente e sai.
Terminada a reunião, o barbeiro liga para um amigo dele que não pode comparecer ao meeting (com o perdão pelo horrível neologismo) e comenta o que foi discutido.
“O tio está acompanhando”, diz ele.
Por acaso, a ligação é interceptada por autoridades (com autorização judicial, naturalmente) e a frase pinçada – “a barba do Lula poderá ser cortada e o tio participou da reunião” faz alçar sobrancelhas preocupadas nas mais altas esferas.
Pergunta se.
O meu personagem deve ser preso por intenção de agressão ao melhor presidente que o Brasil já teve, na apreciação algo imodesta do próprio O tio que entrou e cumprimentou deve ser processado também por participação na trama sórdida
O maior defeito de fábulas desse gênero é induzir os leitores a procurar algum vínculo com situações reais, o que seguramente não é a intenção do autor (da fábula)
Como dizia Baltasar Gracián, uns séculos atrás: ´´Alguns fazem caso daquilo que pouco importa e deixam de lado o que tem muita importância´´.
Mas isso valia no século XVII, não é mesmo