Lira das tradições
Em vinte anos de vida,
Olhando minha felicidade aprisionada
Em convicções abstratas,
Que se sustentavam em colunas de medo,
Tentava eu entender as tradições
Que havia herdado.
Desprezei o pragmatismo,
E, o esquecimento do passado,
Me fazia repetir os erros,
Hospedando se em mim
Lembranças sem aprendizado.
Tenho agora todo o meu prazer buscado.
A consciência, por inteira,
Se remonta à ideia
Da privação de imortalidade.
A felicidade sem sofrimento é frágil edificada
E, se eu deixar a inquietação, perco a poesia.
A biologia que aprendi na escola
Levou me à previsão
Das mudanças fenotípicas que viriam;
Recuso tê las e elas vem sem titubear.
Apertei num abraço
O sentimento da Indesejada
E soltei a vida que havia em mim.
Livros, músicas e cidades
Que não apreciarei:
O tempo é uma especialização
Selecionada de escolhas.
Eu sei o que a minha amiga pensa de mim:
O mal da primeira impressão é que,
Quando boa,
Vincula o preocupado a viver
Das expectativas dos impressionados.
Uma tempestade
Ameaça o meu navio.
Sávio Oliveira Lopes