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Martha Medeiros

Sentido único: em frente
Faço aniversário em agosto.
Quando alguém, em julho, pergunta quantos anos eu tenho, já respondo com a idade nova.
Não sei até quando terei essa coragem de me envelhecer antes da hora, mas, por enquanto, ainda arredondo pra cima.
Com o ano novo, é a mesma coisa.
Já estou em 2008 faz uns 20 dias.
Coloquei o em total vigência, é um ano em curso, mergulhei de cabeça nele.
2007 já era, já deu o que tinha que dar.
Aliás, foi bom pra você
Poucas pessoas viveram grandes feitos, grandes viagens ou grandes paixões.
A maioria viveu o que podia ter vivido.
Foi ao cinema e adorou (ou odiou) Tropa de Elite.
Leu alguns livros.
Curtiu alguns churrascos.
Passou uns finais de semana fora da cidade.
Reclamou da falta de dinheiro.
Brigou com pais e irmãos.
Fez as pazes com pais e irmãos.
E depois brigou de novo.
Esperou em filas.
Assistiu a pelo menos um show.
Achou a Camila Pitanga linda em Paraíso Tropical.
Reclamou muito do frio.
Bebeu demais.
Pensou em casar.
Pensou em descasar.
Pensou em ter um cachorro.
"Ano da virada" é apenas força de expressão.
A maioria de nós viveu um ano semelhante aos outros anos, salvo aqueles que foram colhidos por uma fatalidade já não é fatalidade suficiente estar vivo
Eu tive um ano muito bom e muito parecido com outros anos bons, inclusive nas partes ruins.
Ainda assim, o melhor de chegar aqui, na saideira, é olhar para trás e concluir que o aconteceu de mais diferente foi eu mesma.
Entrei de um jeito em 2007 e estou saindo outra, mesmo que eu pouco perceba essa alteração.
Recentemente ouvi alguém admitir que era uma pessoa melhor anos atrás.
Duvido.
Não se pode dizer isso pra valer.
É muito desestimulante a gente acreditar que está involuindo.
Quando olho para o meu passado, encontro uma mulher bem parecida comigo por acaso, eu mesma porém essa mulher sabia menos, conhecia menos lugares, menos emoções.
Ora, por mais legal que a gente tenha sido, sempre fomos mais pobres em relação ao presente e não estou falando de dinheiro, mas de vivência.
Involuir é muito trabalhoso, exige que rejeitemos todos os aprendizados: quem faria essa maldade consigo mesmo Evoluir é que está na ordem natural das coisas.
Portanto, tenho certeza de que em 2008 eu verei alguns filmes, assistirei pelo menos a um show, lerei alguns livros, sairei da cidade uns finais de semana, irei bater ótimos papos com os amigos, terei uns arranca rabos em família e depois voltarei às boas, perderei tempo em filas e reclamarei do frio.
E mesmo sendo mais um ano como tantos outros no caso de nenhuma fatalidade ocorrer , sairei de 2008 melhor do que estou entrando, simplesmente porque é impossível desprezar conhecimentos, conversas, sensações tudo o que parece repetitivo, mas que nos dá uma cancha necessária pra seguir adiante e viver melhor.
Então, feliz você novo, mesmo que pareça igualzinho.

VELHOS AMIGOS, NOVOS AMIGOS
Quem é seu melhor amigo(a) Deixe ver se adivinho: estuda na mesma escola ou cursinho, tem a mesma idade (talvez um ano a mais ou a menos), freqüenta o mesmo clube ou a mesma praia.
Se errei, foi por pouco.
Não é vidência: minha melhor amiga também foi minha colega tanto na escola quanto na faculdade e nascemos no mesmo ano.
São amizades extremamente salutares, pois podemos dividir com eles angústias e alegrias próprias do momento que se está vivendo.
Mas fique esperto.
Fechar a porta para pessoas diferentes de você é sinal de inteligência precária.
Durante a adolescência, é vital repartir nossas experiências com pessoas que pensem como nós e que tenham o mesmo pique: é importante sentir se incluído num grupo, de pertencer a uma turma.
Perde se, no entanto, o convívio com pessoas de outras idades e de outros "planetas", que muito poderiam lapidar a nossa visão de mundo.
Entre iguais, tudo é igual.
A vida ganha movimento é na diferença.
Se você é rato de biblioteca, iria se divertir ouvindo as histórias contadas por um alpinista experiente.
Se você tem muita grana, ficaria surpreso em saber como dá duro o cara que trabalha de
dia para poder estudar à noite e o quanto ele precisa economizar para tomar dois chopes no sábado.
Se você curte música, seria bacana conversar com quem curte teatro.
Se você é derrotista, seria uma boa bater um papo com quem já sofreu de verdade.
Você, que se acha uma velha aos 27 anos, iria se divertir muito com os relatos de uma cinquentona irada.
E você, beirando os 60, se surpreenderia com a maturidade de um garoto de 18.
Para os de meia idade, nada melhor do que ter amigos nos dois extremos: da garotada que lhe arrasta para dançar até aqueles que estão numa marcha mais lenta, que já viveram de tudo e de tudo podem falar.
A cabeça da gente comporta rafting e música lírica, videoclipes e dança flamenca, ficar com alguém por uma noite e ficar para sempre.
É importante cultivar afinidades, mas as desafinações ensinam bastante.
No mínimo, nos fazem dar boas risadas.
Vale amizade com executivo e com office boy, com solteiros e casados, meninas e mulheraços, gente que torce para outro time e vota em outro partido.
Vale sempre que houver troca.
Vale inclusive pai e mãe.