Velha Lágrima
Solidão.
Que mágoa na aurora!
Senso ao vento, paira pelos ares
Em suspiros, lágrima que chora
De antigos e buliçosos pesares.
Pulsa uma dor, deveras se sente
É tal tristura que no peito diviso
Versos, que de teu verso ausente
Vazios poéticos do teu doce sorriso.
Ah! Por que tu assim fizesses
Meu eu dum eterno teu escravo
Se outras eram minhas preces
E com o descaso fez conchavo
Por que então ainda insiste
Nesta trama tão alvoroçada
Como quem ama, assim, triste
E com a alma fria e calada
Se clamo ao infinito celeste
Por um olhar manso e sensível
Por que é que não me disseste
Palavras ao coração inteligível
Se terrível, era a dor impiedosa
Me livra desta coroa de espinho
Se bom é ter te em verso e prosa.
Por que deserto é o nosso ninho
Porém, melhor a outra figura
De ter a sofreça em segredo
Do que conhecer a tal ventura
E deixá la ao leu tão cedo
Assim, então pouco a mim seria
Em pranto a face, de sua partida
Antes os desafetos que nos alivia
Do que fuçar na aberta ferida
Tem pena de mim! Tem pena
Desta velha lágrima.
Caridade!
A paixão não me é tão pequena,
Secará.
Pois tanta é a saudade
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Agosto de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando