Que dias há que na alma me tem posto Um não sei quê, que nasce não sei onde, Vem não sei como, e dói não sei porquê.
Não há alma sem corpo, que tantos corpos faça sem almas, como este purgatório a que chamais honra: onde muitas vezes os homens cuidam que a ganham, aí a perdem.
Alma minha gentil, que te partiste Tão cedo, desta vida, descontente Repousa lá no Céu eternamente E viva eu cá na terra sempre triste.
Verdade, amor, razão, merecimento Qualquer alma farão segura e forte, Porém, fortuna, caso, tempo e sorte Têm do confuso mundo o regimento.