O mal do otimista é a arrogância da certeza.
Certeza do sucesso, da reciprocidade, do amanhã, da espera, do depois.
A gente tem tanta certeza da existência dos próximos segundos que se esquece de que eles, simplesmente, podem não existir.
E se porventura eles vierem a existir, aquele momento de tirar o fôlego, o chão, o ar, o par, que a gente sente que deveria ter feito alguma coisa, pode facilmente não se repetir.
A vida, as escolhas, as oportunidades, as pessoas, tudo é demasiadamente frágil perante as reviravoltas do universo.
Quando se vê já é dezembro, já é carnaval, dia santo, sexta feira, quando se vê, o minuto já não existe mais.
O relógio deu meia volta no timing da existência e você não é mais o mesmo, o outro não é mais o mesmo e, invariavelmente, os caminhos já são outros também.
A travessia em si carrega o peso da efemeridade.