Mater Dolorosa
Meu Filho, dorme, dorme o sono eterno
No berço imenso, que se chama o céu.
Pede às estrelas um olhar materno,
Um seio quente, como o seio meu.
Ai! borboleta, na gentil crisálida,
As asas de ouro vais além abrir.
Ai! rosa branca no matiz tão pálida,
Longe, tão longe vais de mim florir.
Meu filho, dorme Como ruge o norte
Nas folhas secas do sombrio chão!
Folha dest'alma como dar te à sorte
É tredo, horrível o feral tufão!
Não me maldigas Num amor sem termo
Bebi a força de matar te a mim
Viva eu cativa a soluçar num ermo
Filho, sê livre Sou feliz assim
Ave te espera da lufada o açoite,
Estrela guia te uma luz falaz.
Aurora minha só te aguarda a noite,
Pobre inocente já maldito estás.
Perdão, meu filho se matar te é crime
Deus me perdoa me perdoa já.
A fera enchente quebraria o vime
Velem te os anjos e te cuidem lá.
Meu filho dorme dorme o sono eterno
No berço imenso, que se chama o céu.
Pede às estrelas um olhar materno,
Um seio quente, como o seio meu.