Ela nunca procurou a metade da laranja, a tampa da panela, o chinelo velho do pé torto, o queijo da goiabada, ela só queria ser uma laranja partida, panela sem tampa, chinelo sem pé e sem contar que não gostava de queijo e goiabada.
Esse lance de procurar o amor da vida, não era com ela.
Que brega!
Provavelmente ela tropeçaria nele na rua, bateria no carro dele, furaria a fila dele no final da festa ou até derrubaria aquela bebida fedida na camisa dele, tudo sem querer.
Ela nunca foi de procurar.
Ela acabava de uma forma ou de outra encontrando, sem querer, literalmente.
Afinal, ela nunca procurou por ele.
Ela era uma graça, vivia tão leve, tão desprendida de crenças que causava inveja, quem tem aquele descuido todo com o mundo, com as pessoas, com os sentimentos
Ela, ela tinha tanta coisa ao mesmo tempo, que não tinha nada.
Nada de mais.
Ouviu certa vez, de um grande sábio que ela não lembra o nome, que a liberdade dela assustava.
Mas e daí Que gente medrosa!
No fundo ela acredita no amor.