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Demétrio Sena Magé RJ.

MEU FELIZ ANO NOVO
Demétrio Sena, Magé RJ.
Muito embora não compartilhe da provável essência do natal, vejo bastante significado no início de mais um ano.
Aprecio começos e recomeços; novas chances; reocasiões e repensamentos.
Tudo isso deve ocorrer a cada manhã ou toda vez que sentirmos necessidade, mas é algo especial e significativo chegarmos a mais uma etapa de mundo, junto com os seus bilhões de habitantes.
Creio muito no pensamento humano e no desejo real um tempo melhor.
A boa vontade do ser humano, que em sua maioria é bom, tem o poder de salvar.
É dessa vontade que o mundo sempre dependerá.
É graças a ela que ainda não se fez o caos total.
Uma vontade com o tempero do amor à vida e ao semelhante, apesar das não semelhanças que nos igualam.
Inclusive as não semelhanças de credo, gosto e opinião, que geram conflitos entre os homens e as mulheres de má vontade que julgam o outro, por se julgarem especiais e imunes aos males e às fraquezas inerentes a todos.
Que a nova chance alcançada nos leve à reflexão sobre o que realmente vale a pena.
Talvez seja tempo de conhecermos valores maiores do que dinheiro, status e fama.
Tempo de termos tempo para quem amamos e para nós mesmos.
Uma nova era, em que nos doarmos mais aos nossos filhos tenha mais poder do que dar coisas conquistadas com ausências provindas do excesso de trabalho.
Novos tempos, em que a presença fale mais alto que o presente.
É este o feliz ano novo que o meu coração consegue desejar a todos.
Eis a grande conquista que a humanidade ainda não valoriza: o amor que aproxima.
Que não espera troco nem recompensa.
Que põe as pessoas acima de suas posses ou não posses.
De seus nomes e sobrenomes.
Aparências, feitos e resultados.
Credos, etnias, cores, escolhas e orientações.
Isto sim é igualdade.

AO PROFESSOR QUE NASCEU PARA SER PROFESSOR
Agradeço todos os dias ao destino, pela graça de ser educador.
Arte educador.
Inserir me nesse contexto como profissão me fez mais do que um profissional: alguém que se reconhece como quem nasceu para isso.
Tenho, evidentemente, minhas angústias relacionadas a proventos, condições ideais de trabalho e as grandes dificuldades externas que acompanham nossos alunos até os espaços formais de aulas, oficinas e projetos educativos, tanto no conceito pedagógico, especificamente, quanto nos conceitos da arte e da cidadania.
Sou um professor que não dá nota.
Que pode mudar, todos os dias, as estratégias para vender suas ideias e seduzir os alunos.
Atraí los para contextos mais prazerosos do que a obrigação de alcançar notas e pontos para passar de ano.
Às vezes, adulá los.
Talvez por isso, eu não tenha nem condições de alcançar a grandeza dos esforços diários dos professores em disciplinas obrigatórias, que têm a dura missão de preparar pessoas para o mercado de trabalho.
Para disputas mercadológicas e a sobrevivência em uma sociedade competitiva e cruel, devido à falta de espaço confortável para conquistas.
Não tenho a mínima condição de avaliar precisamente a realidade total das salas de aula, mas sempre que vejo um professor de pelo menos alguns anos de profissão, admiro o profundamente por ter atravessado esses anos, diante do que vejo.
São muitos e muitos os professores que portam condições plenas de abraçar profissões muito mais rentáveis, e o fariam competentemente, mas não fogem do que escolheram, porque seriam somente profissionais.
E como nasceram para ser professores, não seriam felizes se não fossem profissionais e seres humanos, como tem que ser, mais do que ninguém, quem nasceu para ser professor.
Reitero, portanto, meu profundo respeito e minha admiração aos que trabalham com amor e sofrimento; com revolta e dedicação; com sorrisos muitas vezes salobros, porque se misturam ao pranto, mas logo se sobressaem, porque o amor ao que fazem tem sempre reserva de otimismo.
Ao mesmo tempo, meu desprezo profundo e a não admiração aos patrões da educação tanto particular quanto pública e aos cidadãos de má vontade responsáveis pelo sofrimento, a revolta e as lágrimas do professor que nasceu para ser professor.