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Arcise Câmara

Cobranças
Eu tinha necessidade de todos ao meu redor, eu dava respostas brutas, não sabia calar, não acreditava no “dê tempo ao tempo”, precisava vomitar minha ira imediatamente, era da teoria do bateu levou.
Acumulei decepções sendo assim, convivi com seres humanos incríveis, mas que tinham suas falhas assim como eu e você, eu gritava com todos, calava só quando já era tarde demais, eu não compreendia que esse comportamento me afundaria.
As experiências que mais me marcaram quer boas ou ruins nunca esqueci e por isso não esquecerei nunca meu comportamento irritadiço, que não apoiava o menor erros, sem beijos ou elogios, sem encorajamento e com muitas pedras na mão.
Tornei me cheia de fobia, vivia em pânico, com raiva, sentindo me rejeitada, discriminando Deus e o Mundo, eu era debochada, tinha agressividade nas palavras, ofendia com facilidade, humilhava por prazer, traía quem mais me amava, o meu defeito era um tamanho complexo de inferioridade.
Não conseguia entender a princípio, perdia a sobriedade, parecia duas pessoas completamente diferentes, também era generosa, abraçava boas causas, amava as amigas de infância.
Ué será que eu era bipolar
O processo é complexo, a gente precisa se aceitar com todos os defeitos, até mesmo os mais cinzas, precisamos viver sem a superioridade, precisamos aprender a viver dignamente, chamando cada defeito pelo nome e combatendo o, mas não é fácil.
Os traumas fazem parte, você não é assim à toa, você se transformou nisso através dos atritos, das relações ruins, do não esforço em ser melhor, é difícil encontrar alguém que se sinta bem consigo mesma, alguém que não sofre de solidão, alguém rara e com radicalismo de amor.
Resolvi me acolher, apostar nas falhas, respeitar meus limites, exercer a nobreza de me aceitar como sou, não como comodismo, mas como autoconhecimento.
Deixei de Cobrar coisas de mim mesma que eu não poderia dar, comecei a ter manias de controle da segurança da casa, mania de lavar as mãos, mania de ligar para minha mãe todos os dias, manias insignificantes, mas que me perturbavam.
Tinha ideia fixa em mudar, em controlar as emoções, em superar a irritabilidade, estava cheia de segundas intenções em transformar atos ruins em atos bons, estava presa emocionalmente a vontade de mudar e isso me enlouquecia.
Comecei a ter medo de perder quem eu amava e passei a trata los melhor com medo do remorso, vivia com sentimento de culpa, eu me sentia responsável por tudo até pelas crises financeiras na minha família, eu estava desequilibrada.
Atravesseis as crises sem amparo, estava me achando certa, educando a minha mente e treinando minha boa vontade adormecida, porém percebi que estava agindo totalmente errada e os outros estavam tirando vantagem da minha mania de perfeição.
Fiquei Insegurança, ansiosas e com medo de tudo, vivi desentendimentos ilógicos comigo mesma, eu precisava me proteger e eliminar as preocupações débeis de que tenho que ser 100%.
Minha intolerância com meus defeitos era insana.
Passei a admirar as flores, a observar o caminho, a não me perturbar com as quedas e sim com o recomeço.

Eu pesava 84 kg (já pesei 86) e estou com 76 kg sem dieta e apenas 90% “fazendo a coisa certa” e 10% fazendo a coisa errada.
Mas vou transcrever em que consiste minhas conquistas contra a balança para atingimento do peso normal, diga se de passagem que eu já eliminei o nível obesidade grau 1 e estou no sobrepeso e daqui a pouco estarei com o peso normal, ou seja 64kg ou menos.
Várias coisas me fizeram tomar atitudes vou lista las abaixo:
Efeito sanfona: Ganhei duas estrias horrorosas que mais parecem cicatrizes de cirurgias de recuperação em acidente de trânsito e isso me deixou completamente fora de mim, porque apesar das minhas inúmeras celulites (covinhas charmosas), milagrosamente não tinha estrias.
Fazer dietas restritivas, cortar doces e outras delícias radicalmente, não usar o “coma moderadamente” e poucos dias depois matar o desejo comendo o triplo do que renunciei.
Conscientização pela minha irmã que eu era determinada para todas as coisas.
Conseguia e lutava por tudo que eu queria, salvo a determinação em emagrecer.
Ver um amigo recém engordado e não reconhecê lo de prontidão, gordo e irreconhecível, parar e pensar se ele era realmente ele, me fez refletir sobre a minha gordura, porque quando a gente engorda a gente se transforma e eu conheço vários casos de pessoas que fizeram cirurgia bariátrica e me falavam que as pessoas não as reconheciam e eu levei uns 3 minutos para ter certeza que ele era ele.
O mais determinante neste processo foi analisar o comportamento das pessoas magras e das pessoas gordas e eu me choquei vendo atitudes “horrendas” dos outros em mim mesma.
Observei que gordo come sem parar, a sensação para quem observa é de que a comida vai acabar, gordo não desfruta uma caixa de chocolate belga com validade até 2014 aos poucos, ele acaba a caixa na mesma hora, gordo quer tudo para ontem, faz uma reserva no estômago de comida como se fosse passar fome por meses.
Gordo só se contenta em parar de comer quando aquele bolo ou sorvete acabam e fica provando e comendo de 5 em 5 minutos até não ter mais nada.
Os magros comem devagar, conversam na mesa, não estão preocupados com o prato, se deliciam mais com o bom papo do que com a refeição, preferem um delicioso chocolate fino a uma caixa de bombons garoto.
Incorporei atividade física, jogar tênis de mesa, caminhar, pedalar, deixar de ir na padaria e no supermercado de carro, fazer compras em pequenas quantidades para trazer as sacolas carregadas por mim.
Comer verduras ou legumes em todas as refeições e frutas no café da manhã e lanches.
Comer tudo de 1, um pão com queijo, uma fatia de bolo, uma fatia de pizza, 1 copo de suco e me esforçar para não repetir (às vezes que repito e não consigo deixar de ser gulosa deixo de jantar).
Caso eu coma uma fatia de pão naquele dia não como mais pão de jeito nenhum.
Comer peixes, frutos do mar, carnes magras e pouco frango (tenho a impressão que todos os hormônio injetados nos frangos se transportam para o meu corpo).
Abolir rodízios de qualquer espécie.
Aprendendo a cozinhar: Cozinhar comidas saudáveis e transformá las em gostosuras é impagável.
Tomar um copo d’água a cada 1 hora e ter muito saco de ir ao banheiro toda hora para fazer xixi.
Incorporar arroz integral, farinha de trigo integral, pão integral, trocar o queijo por creme de cottage ou ricota, trocar o suco por água, deixar de tomar toddynho (trocar as calorias líquidas por sólidas), comer doces apenas em aniversários, não comprar doces para ficar no armário.
Como sou gulosa e quero sempre servir 4 dedos de bolo, pedir para a aniversariante me servir uma fatia fina e me contentar com ela.
Fazer um prato com proteína, carboidrato, legumunosa, verduras, grãos e azeite.
1 carboidrato é suficiente se eu faço questão do purê, não como arroz.
Não se culpar por vez ou outra meter o pé na jaca e não sentir culpa em comer, o importante é não exagerar mesmo que suas escolhas não sejam tão saudáveis.
Mas vale, uma fatia fina de bolo do que passar jejum e comer o dobro depois.
Descobri o quanto meu intestino funciona melhor quando eu como de 3 em 3 horas, o estômago fica trabalhando o tempo toda e não fica preguiçoso.
Espero que eu possa ter ajudado alguém e eu confesso que não estou em busca de perder peso e sim de eliminá los para sempre.