Depois de tantas alegrias, tristezas, decepções e surpresas, comecei a prestar mais atenção nos meus pedaços, partes marcadas por cada um que passou na minha vida.
Sou viciada em olhar aquela caixinha rosa cheia de fotos, recentes e muito antigas, umas quando eu ainda nem era nascida.
Gosto de lembrar daqueles momentos, o porquê daquela risada, a idade que eu completava aquele dia, o motivo daquele passeio, a formatura, a passagem de ano.
Aquelas que eram tão especiais pra mim, que se perderam entre minhas memórias.
Aquelas que eu roubei do quadro da sala de estar dele, da carteira dele.
Comecei a lembrar dos choros sem razão, das pessoas que ainda estão em meu coração por alguma razão, por algum detalhe.
Lembrei dos muitos atos por impulsão, das tantas vezes que fugi e voltei no minuto seguinte.
Senti saudades dos muitos lugares que conheci e não pude, não tive tempo; saudades também dos momentos que vivi e das coisas que esqueci.
Lembrei das noites mal dormidas, das horas sagradas de sono que perdi sonhando acordada, escrevendo, tocando teclado Ri de mim mesmo quando me lembrei das vezes que desisti sem ao menos ter tentado, e das vezes que eu tentei e quebrei a cara.
Chorei das vezes que tentei, insisti e consegui o que eu queria.
Vendo as fotos, aquelas pessoas perdidas lá atrás, senti pelas amizades que não cultivei, por aqueles que eu julguei, pelas coisas que eu falei.
Lembrei das pessoas que conheci, dos amigos que deixei, das lembranças que esqueci.
Lembrei dos momentos engraçados de distração, da minha mania de derrubar tudo, de só conseguir me equilibrar no salto depois de tropeçar, das vezes que comia chocolate até passar mal.