AO MURCHAR A FLOR
Esplêndida mocidade! Fluxo de sonhos, emoções,
estampa se no fulgor da vida à emérita conquista,
na essência da pétala aromada, seu ardor otimista
arroja se ao lesto tempo sobre a corola das paixões.
Extática juventude! Cálice fecundo de aspirações,
cultiva se no vigor da seiva a sua ousada jornada,
cresce e caminha à deriva nos alfobres da estrada,
lança se ao mundo no eflúvio, êxtase das estações.
Virtuosa maturidade! Flor de aromas e gradações,
viça se na força e coragem à grandiosa primavera,
adorna jardins na paisagem delirante da atmosfera,
enfeita se com arranjos surreais e vis imaginações.
Frenética sazonação! Estame robusto de ambições,
ampara se enlaçado à corola para florir no vergel,
alcança notoriedade no auge do viço, faz seu papel,
medra se, mas experimenta forte rajada de ilusões.
Inopinada velhice! Sépala fanada de frustrações,
resta se de ti, somente uma estampa desfigurada,
sem a magicatura ampla, és crassa e já enrugada,
brota se, então, a nova florada dentro dos jarrões.
Infausta senilidade! Flor estiolada de recordações,
murcha se sob a intempérie dos anos; desfolhada,
fenece para ser uma congérie do nada; substituída,
torna se saudade no canteiro dos nossos corações.
Do seu livro: "Poemética Ambulante" 2013