A REVOLTA DO LIXO
(Uma historinha para crianças de 0 a 100 anos)
Uma caixinha de leite condensado já devidamente vazia foi atirada no quintal por Dona Carmem, porque ela estava na varanda preparando um bolo; apressada e desatenta não viu a lixeira por perto.
Uma chuva um pouco mais forte logo levou a caixa, que foi parar num córrego pertinho dali.
Dona Carmem, que não é de fazer lambança, logo depois da chuva deu por si e foi procurar a embalagem.
Não a encontrou, mas também não deu muita importância, porque afinal, era só uma caixinha.
Quando chegou ao córrego, a caixinha deu de cara com um jornal.
Fez amizade com ele.
Sem demora, um carrinho de madeira que estava logo ao lado se aproximou.
Resmungão como ele só, reclamou do mundo e da vida e disse poucas e boas do menino que o desprezou.
Pensava, inclusive, numa forma de se vingar, mesmo sendo apenas um brinquedo inutilizado pela falta de peças e por algumas partes quebradas.
Mas ali não havia somente caixa, jornal e carrinho.
Além de muitas outras embalagens, impressos e brinquedos, também havia latas, vidros, plásticos, sacolas, garrafas pet, ferro, madeira Uma infinidade de sucatas que lambões de todas as classes, idades, etnias e religiões atiraram nas ruas, nos quintais e pátios públicos.
Isto sem contar com os não lambões, como Dona Carmem, que acabaram deixando a desejar, por causa da pressa e a desatenção que resultou dela.
Foi aí que aconteceu uma coisa inusitada: Toda aquela lixaria, que poderia ter tido sina mais digna, em muitos casos sendo reciclada e voltando a ser algo importante, resolveu se vingar dos cidadãos daquela cidade: Uniu se à primeira chuva intensa e forte que não demorou a chegar, para punir a todos, até os que não tinham culpa, com uma enchente de proporções catastróficas! O evento gerou muitos danos, encheu as ruas de lama, ratos e doenças, e deixou centenas de pessoas desabrigadas!
O que não se sabe até o presente momento é se aquele povo aprendeu a lição ou se continua deseducado.
Gente, desde que o mundo é mundo, é mesmo assim: Demora muito a aprender que a vida é um bem precioso e que ela depende muito do nosso amor por nós próprios e pelo ambiente que nos cerca.