Os versos que te dou
Ouve estes versos que te dou, eu
os fiz hoje que sinto o coração contente
enquanto teu amor for meu somente,
eu farei versos e serei feliz
E hei de fazê los pela vida afora,
versos de sonho e de amor, e hei depois
relembrar o passado de nós dois
esse passado que começa agora
Estes versos repletos de ternura são
versos meus, mas que são teus, também
Sozinha, hás de escutá los sem ninguém que
possa perturbar vossa ventura
Quando o tempo branquear os teus cabelos
hás de um dia mais tarde, revivê los nas
lembranças que a vida não desfez
E ao lê los com saudade em tua dor
hás de rever, chorando, o nosso amor,
hás de lembrar, também, de quem os fez
Se nesse tempo eu já tiver partido e
outros versos quiseres, teu pedido deixa
ao lado da cruz para onde eu vou
Quando lá novamente, então tu fores,
pode colher do chão todas as flores, pois
são os versos de amor que ainda te dou.
(Do livro "Meu Céu Interior" – 1934)