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Demétrio Sena Magé RJ.

GERAÇÕES
Demétrio Sena, Magé RJ.
Minha geração cresceu ouvindo Chico, Bethânia, Tony Tornado, Roberto, "Joões", Caetano, Gil, Jorge Ben, Clara Nunes lendo Cecília, Bandeira, Ferreira, Drummond, Vinícius, Aghata, Cora, "Veríssimos"
Minha geração cresceu combatendo, cada um ao seu modo, as ditaduras política, social, familiar também cresceu aprendendo ofícios desde os dez anos.
Assumindo responsabilidades aos quatorze.
Quem queria estudar, precisava querer muito, e quando conseguia, tinha o respeito e as oportunidades que os formados de hoje não têm.
Naqueles tempos, ter o "científico", análogo ao contemporâneo ensino médio, valia muito mais, tanto em conhecimento quanto em valia, do que ter o atual e defasado curso superior.
Minha geração cresceu sabendo que seria mantida pelos pais até o início de sua juventude, quando os pais é que passariam a ser mantidos por ela.
Cresceu sem a proteção do termo adolescência, da lei contra o bullyng, cujo termo também não existia, e das leis contra os preconceitos e pelos direitos humanos.
Minha geração cresceu sob o peso dos erros da geração anterior dos extremos que a fizeram sofrer muito, suar e se auto exigir, para sobreviver mas acho que foi por isso que minha geração cresceu porque não tinha como não crescer era crescer ou morrer, oprimida por um sistema que não dava outra saída.
Mas a minha geração, pelas lembranças de nosso tempo, comete outros erros com a geração atual outros extremos, como dar liberdade além do sensato, não exigir nenhuma responsabilidade, criar na barra da saia, oferecer o máximo sem exigir o mínimo mimar, dizer todos os sins e ceder às chantagens emocionais de uma geração preguiçosa para fazer o certo e pensar nas gerações futuras, que pelo visto, serão ainda mais propensas a não crescer.
Com todos os erros de uma geração que pelo menos teve o desejo de acertar, minha geração cresceu cresceu crescendo cresceu enquanto crescia.

AO PROFESSOR QUE NASCEU PARA SER PROFESSOR
Agradeço todos os dias ao destino, pela graça de ser educador.
Arte educador.
Inserir me nesse contexto como profissão me fez mais do que um profissional: alguém que se reconhece como quem nasceu para isso.
Tenho, evidentemente, minhas angústias relacionadas a proventos, condições ideais de trabalho e as grandes dificuldades externas que acompanham nossos alunos até os espaços formais de aulas, oficinas e projetos educativos, tanto no conceito pedagógico, especificamente, quanto nos conceitos da arte e da cidadania.
Sou um professor que não dá nota.
Que pode mudar, todos os dias, as estratégias para vender suas ideias e seduzir os alunos.
Atraí los para contextos mais prazerosos do que a obrigação de alcançar notas e pontos para passar de ano.
Às vezes, adulá los.
Talvez por isso, eu não tenha nem condições de alcançar a grandeza dos esforços diários dos professores em disciplinas obrigatórias, que têm a dura missão de preparar pessoas para o mercado de trabalho.
Para disputas mercadológicas e a sobrevivência em uma sociedade competitiva e cruel, devido à falta de espaço confortável para conquistas.
Não tenho a mínima condição de avaliar precisamente a realidade total das salas de aula, mas sempre que vejo um professor de pelo menos alguns anos de profissão, admiro o profundamente por ter atravessado esses anos, diante do que vejo.
São muitos e muitos os professores que portam condições plenas de abraçar profissões muito mais rentáveis, e o fariam competentemente, mas não fogem do que escolheram, porque seriam somente profissionais.
E como nasceram para ser professores, não seriam felizes se não fossem profissionais e seres humanos, como tem que ser, mais do que ninguém, quem nasceu para ser professor.
Reitero, portanto, meu profundo respeito e minha admiração aos que trabalham com amor e sofrimento; com revolta e dedicação; com sorrisos muitas vezes salobros, porque se misturam ao pranto, mas logo se sobressaem, porque o amor ao que fazem tem sempre reserva de otimismo.
Ao mesmo tempo, meu desprezo profundo e a não admiração aos patrões da educação tanto particular quanto pública e aos cidadãos de má vontade responsáveis pelo sofrimento, a revolta e as lágrimas do professor que nasceu para ser professor.