A EXPECTATIVA:
Começa se, em criança, a esperar a juventude com impaciência quase alucinada; depois, quando adolescente, espera se a independência, a fortuna ou porventura apenas um emprego e uma esposa.
Os filhos esperam a morte dos pais, os enfermos a cura, os soldados a passagem à disponibilidade, os professores as férias, os universitários a formatura, as raparigas um marido, os velhos o fim.
Quem entrar numa prisão verificará que todos os reclusos contam os dias que os separam da liberdade; numa escola, numa fábrica ou num escritório, só encontrará criaturas que esperam, contando as horas, o momento da saída e da fuga.
E em toda a parte nos parques públicos, nos cafés, nas salas há o homem que espera uma mulher ou a mulher que espera um homem.
Exames, concursos, noivados, loterias, seminários, operações da Bolsa são formas e causas de expectativa.
( ) Todos, com diferentes paixões, esperam sobretudo, as fortunas repentinas, as mudanças imprevistas, o insólito e, com frequência, o impossível.