A Cidade do Poeta
"Sob o sol do Sul, um ipê se aproximava
do andarilho com seus cães.
Mas, metralhadoras
na favela
Ainda assim,
o artista libertou os domesticados:
bem se escondeu; mal correu desacorrentado.
Pródigo, o ipê ofertava ao poeta
seu raro amarelo nítido: ensinava
que o belo é meio, não um fim, ao infinito.
Mas, metralhadoras numa vilela
De longe, saltitantes, bem e mal
retornaram às coleiras imaginárias
do consagrador de palavras,
mas o amarelo inovador com gravidade
foi ferido
no cantarejar das metralhadoras
na viela:
um pequeno lusíada mestiço,
num beco brincando com a vida,
morreu sem saída."