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Dalia Hewia

Natal
Então é Natal e o que você não fez
Será que se sentiu como eu, a bola da vez
Será que seu jeito espontâneo te trouxe algum dano
Ou será talvez, que diferente de mim, deixou verdades por contar,
promessas por cumprir, momentos por repartir, atos pra se envergonhar
Será que aproveitou bem seu tempo,
ou usou e abusou do momento
do outro
Será que levou alegrias,
ou suas atitudes foram mesquinhas
Será que fez história que mereça ser contada e ficar na memória,
em glória Ou apenas foi indiferente, inconsistente e cantou vitória
Será que fez tanto mal a ponto de se sentir bem
Será que fez tanto bem a ponto de fazer feliz alguém
Será que alguma consciência você teve ou tem
Ou será que brincar com o sentimento do outro,
fez parte do jogo também
Então é Natal e vejo as pessoas em alegre expectativa,
como a espera de um novo brinquedo, de uma nova saída.
Eu nada espero, apenas quero dar os beijos que soube guardar,
e que vou embrulhar em muito carinho.
Entre perdas, enganos e ganhos sobrevivi e não me deixei levar pela maldade,
não me dobrei as pressões da sociedade
que cobra atitudes hipócritas, sobriedades e disfarces sem sentido.
Será que de algo você se sente arrependido
Ou será que se sente perdido, abstraído de tudo, entediado,
precisando ser sacudido e remexido, pra acordar e
ser capaz de fazer a diferença, de despertar alguma crença
em alguém que precise ser amado Em qualquer ser
Talvez um dia você consiga se olhar no espelho sem tremer, sem temer o que vê.
Desejo que você (que eu não sei quem é porque não me dirijo a ninguém em especial),
pare e pense só no bem e ignore o mal, até mesmo aquele que você foi capaz de fazer ou receber.
Talvez assim as notícias nos jornais sejam mais amenas,
as pessoas se sintam mais serenas, mais seguras, talvez diminuam as amarguras e
sejam mais solidárias, menos solitárias, menos medrosas, menos covardes.
Que sejam queimadas nas fogueiras as vaidades, as falsas virtudes,
os exageros das hierarquias, as manipuladas e frágeis anarquias,
o monstro horrível da ambição.
E então
Então é Natal, final de ano e o que você não fez
Saberá ser mais cortês ou continuará pisando em quem nunca, nenhum mal lhe fez
Saberá reinventar sua vida, não provocar mais ferida,
ou continuará sendo mais um sonâmbulo na multidão
Será uma serpente disposto a tentar a sorte, dando um bote certeiro na presa indefesa
Ou será verdade, idoneidade, pureza
Que tal romper a prisão
da mente e seguir em frente disposto a não mais calar
tudo de bom que deve existir em você, embora poucos consigam enxergar
Então é Natal, mas é apenas mais uma data.
De qualquer jeito,
que qualquer vida seja farta,
livre de aperto e plena de satisfação.
Até mesmo a sua (seja lá você quem for)
Talvez apenas um alguém vazio de tudo,
inclusive de amor.
Então é Natal e o que você não fez
O que você fez
Quer trocar de lugar comigo e se sentir
ao menos por agora e sem demora,
a bola da vez

FALANDO DE AMOR:
Vamos falar de amor, de mão na mão, olho no olho, de beijo, de olhar profundo, vamos calar o mundo com sua evidência de caos, vamos esquecer os maus e enfim falar de mim e de você, que juntos, podemos espalhar amor, que como flor, deixa seu perfume, sua beleza e a certeza de que ninguém caminha sozinho.
Precisamos todos uns dos outros, precisamos ser menos intolerantes, mais amantes, menos críticos, menos cínicos, mais atentos, porque o outro nada mais é do que você mesmo em algum momento do tempo, ele age como um reflexo do que você mostra ou tenta esconder, as vezes daquilo que te faz sofrer.
O outro é teu espelho, aquele mesmo outro que você critica ou condena, ele é você ontem ou amanhã, é seu direito ou seu avesso, e não há preço que pague um pouco da sua compreensão.
Vamos parar de racionalizar tudo, vamos então sentir e parar de correr tanto, de tanto medo de se expor, vamos calar nossa própria dor e nosso egoísmo cada vez mais forte.
Ache seu norte, ame, não importa se você recebe amor de volta ou não, faça sua parte, tenha compaixão e deixe tudo de melhor que você tem transbordar, deixe fluir e fugir do seu peito, porque o desmerecimento do outro só existe na sua imaginação.
Compactuar com a injustiça Não! Apontar para o outro o dedo em riste Que triste! Destilar ódio Jamais! Nem adianta dizer que tanto faz, porque aí você se omite e se omitindo de uma ação, compactua com o não.
Ame o estranho, o familiar, o cachorro, o gato, o vizinho, o namorado, o amante, o ficante, o importante é amar.
Ame também o distante, que não está nem aí pra você e assim amando, entregue se, porque nesse instante com um olhar cheio de calma, você verá que o outro é apenas você mesmo, sua essência, sua cara, sua alma.