A Esperança
Injeta sangue no meu coração, enche me até o bordo
das veias!
Mete me no crânio pensamentos!
Não vivi até o fim o meu bocado terrestre,
sobre a terra
não vivi o meu bocado de amor.
Eu era gigante de porte,
mas para que este tamanho
Para tal trabalho basta uma polegada.
Com um toco de pena, eu rabiscava papel,
num canto do quarto, encolhido,
como um par de óculos dobrado dentro do estojo.
Mas tudo que quiserdes eu farei de graça:
esfregar,
lavar,
escovar,
flanar,
montar guarda.
Posso, se vos agradar, servir vos de porteiro.
Há, entre vós, bastante porteiros
Eu era um tipo alegre,
mas que fazer da alegria,
quando a dor é um rio sem vau
Em nossos dias,
se os dentes vos mostrarem não é senão
para vos morder ou dilacerar.
O que quer que aconteça,
nas aflições,
pesar
Chamai me! Um sujeito engraçado pode ser útil.
Eu vos proporei charadas, hipérboles e alegorias, malabares
dar vos ei em versos.
Eu amei mas é melhor não mexer nisso.
Te sentes mal Tanto pior
Gosta se, afinal, da própria dor.
Vejamos Amo também os bichos
vós os criais,
em vossos parques
Pois, tomai me para guarda dos bichos.
Gosto deles.
Basta me ver um desses cães vadios,
como aquele de junto à padaria,
um verdadeiro vira lata!
e no entanto,
por ele,
arrancaria meu próprio fígado: Toma, querido,
sem cerimônia, come!