EM NOME DA ÉTICA
Demétrio Sena, Magé RJ.
Há um grande número de cidadãos focados especificamente no que a lei permite, proíbe ou manda.
Isso é bom, porque muitos crimes, delitos e contravenções deixam de ser praticados, pela mera existência do temor da lei.
Por existirem, ainda bem, essas pessoas temerosas das consequências diretas de seus atos, mesmo que lhes falte caráter para, no fundo, não desejarem praticar tais atos.
A realidade se complica, e muito, quando a ética está em jogo.
Sendo ela o conjunto de posturas e atitudes que a lei não manda nem proíbe, muita gente boa, em princípio, porque não comete crime, abusa do atentado impune ao ser humano.
Constrange, prejudica, passa para trás, engana, falta com a palavra, faz fofoca, dedura e até ganha pontos com quem lhe convém ou interessa agradar, mesmo que prejudique aquelas pessoas que não oferecem retorno, vantagem, promessa, ou das quais apenas não gosta.
Falta se muito com a ética nos ambientes de trabalho, nas igrejas, agremiações e outros grupos, em troca de promoções, prestígio, atribuições, privilégios e cargos que pertencem a outros.
Muitas vezes tão só para ficar bem aos olhos do líder, e ter a honra questionável de se tornar mais íntimo.
Também se falta muito com a ética em nome de um destaque na família da disputa pela preferência geral.
Nos dissídios e nas intrigas envolvendo proles.
Algumas vezes, pela simples curiosidade ou desejo de cutucar desafetos do outro lado, por intermédio de alguém mais frágil, dependente ou ingênuo, que no fim das contas é igualmente prejudicado sem nem saber a razão.
São muitas as crueldades.
Os atos perniciosos não previstos em lei.
E a ética, intocável para o jugo da lei, em nome da graça, do arbítrio e da liberdade responsável do ser humano, fica seriamente comprometida.
Uma sociedade sem lei é truculenta; brutal sem ética, é hipócrita e nojenta.