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Kevin Martins

Ah mar, é!
Já é madrugada, praia vazia.
Areia molhada, cheiro de mar, ar de vazio.
Quantos pés pisaram nessa areia, quantos corpos se banharam nessa água salgada !
À cada onda que quebra, meu coração bate quatro vezes.
Será que bate ou apanha
Pessoas sorriem, felizes, nessa maré, pessoas choram, tristes, nessa maré.
O mar mexe com qualquer ser humano, aflora emoções, esbanja beleza e emoção.
Riscando na areia, só, rabiscos querem ser transformados em nomes, em sentimentos, em vida, em emoções O coração procura, procura em que se apoiar, na areia No mar Nas pedras Em pessoas Pessoas Não, pessoas não Ou sim !
Ao fundo, o som vem de uma mansão, música ao vivo, gente rica, de dinheiro, dando uma festa para seus convidados VIP Sendo felizes Ou valorizando, cada vez mais, o perecível
Barcos à deriva, a luz do luar ilumina o que é necessário.
Um cão passa me olhando Se ele pudesse raciocinar e falar, acho que perguntaria o motivo, de ele ser chamado de irracional, pois és sincero, és lindo, não tem maldade E o animal, que se diz racional, é o total reverso.
A brisa não me abandona, as pedras, a água, a areia, o cão, me fazem companhia, quer companhia melhor O maior mentiroso aqui, é eu, os outros, não mentem.
Mostram a verdadeira face da natureza, mostrando, a total ignorância que tenho.
Assim me sinto sábio, sabendo o quão pequeno sou, perto da imensidão que me cerca.
A natureza me tapeou.
Foi o tapa mais lindo, mais sutil, e ao mesmo tempo agressivo que já tomei Obrigado natureza (Beijo, meu jaguara véio! )

Mais um dia amanhecendo.
A insônia apareceu aqui.
As ideias e a vontade de viver tudo de uma só vez, também.
Ao mesmo tempo de tudo, não sei se quero os amores.
Não sei qual querer e o que decidir.
As consequências de um desabafo, não me incomodam em nada.
Exatamente nada.
Repassei minha história de vida, na conversa com um amigo.
Percebi que era tão simples quando amar era somente sorrisos.
Verdadeiros sorrisos.
Hoje, amar, é discussões, sofrimento, algema, cadeia E que é difícil se manter sóbrio perante a vida.
Perante ao amor.
Sempre nos falaram que amar é o único sentido da vida.
Ou que tudo vale a pena Ou que temos uns aos outros Não temos nem a nós mesmos, amigo.
Essas briguinhas, das paixões, desgastam toda a corda que poderia sustentar o amor, que vem pesado e cheio de malas.
Um inútil, me sinto assim.
Sem capital.
Esquecendo, muitas vezes, de comer.
Rodeado pelo álcool e pelos cigarros esses que são meus companheiros, já me olham com cara de pena.
Realmente, digno de pena.
Uma mente cheia de papeis amassados.
As lixeiras daqui, já transbordaram.
Ninguém passa para recolher o lixo.
A rua é deserta, e os vizinhos (que não sei se existem) nunca atenderam aos meus pedidos de socorro.
Um homem sem esperanças, não é digno de seu título.
Desculpa, pai e mãe, mas a dor é grande demais aqui.
A angústia de pensar, machuca o peito.
Nos olhos, as lágrimas que nunca caem me dificultam ver a vida.
Me pego num momento em que não sei o que sinto pela vida.
Mas sim o que sinto pela morte.