E a Poesia virou Prosa
Nasce mais um dia e morre mais uma noite.
Mário acabara de acordar, tomou um café forte se arrumou e saiu para trabalhar.
Todo dia pegava o ônibus na mesma hora e no mesmo lugar.
Foi quando sua rotina mudou.O elevador de seu prédio quebrou e ele teve de descer do 15° andar de escadas.
Belo atraso de 8 minutos.
Tão belo que chegou no ponto e nem viu seu ônibus passar.Teve de esperar outro, por mais 7 minutos.
Depois, fez o sinal e subiu.
Sentou se na janela esquerda da segunda fila.
Apoiando a cabeça contra o vidro cochilou, mas logo uma freiada brusca seguida de uma forte buzina, o despertou.
Olhava ,nesse instante, para calçada onde passeava uma graça feminina com uma calça de lycra.
Era uma deusa numa bicicleta.
Ficou estarrecido, pasmo e torcia para que o sinal jamais se abrisse.
Ela andava devagar, todavia quase não dava mais para acompanhar.
Ela já dobrava a esquina e sua visão, discreta.
Não sei como, mas por um momento trocaram um olhar penetrante.Era hora.
Pulou do assento e foi atrás do gracioso par de pernas pedalante.
Porém ao descer na rua, sua pele ficou crua.
O atraso antes despercebido se mostrava doloroso, agora.
Ela estava com outro.
Então, sentou se na praia aspirando a maresia e viu ir embora a sua diva sinuosa, da mesma forma que esta poesia virou prosa.