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Arcise Câmara

Eu sei bem como é ver a pessoa que você ama lhe dar as costas
Fiquei quieta, agi sem firulas, tornei me gentil e sorridente, mesmo parecendo perdida, na época fiquei sem saúde, meu amor não era condicionado a nada, amava gratuitamente, não conhecia a cara do preconceito.
Eu não me livrei de nada, valeu a experiência, eu fico querendo compreender todo mundo e institivamente dou um passo para trás, a vida continua o amanhã será melhor, mesmo sem saber se isso de fato é verdade, nunca questionei.
Comecei a repetir o processo mental de que tudo ia terminar bem e repetia esse processo seis vezes por dia, ora estava eufórica e cheia de possibilidades, ora estava pedindo explicações adicionais para o meu coração.
Reconheci a gentileza do homem que estava indo embora, esse livro eu já tinha lido, curtir e ir embora em seguida já fazia parte do meu repertório, senti uma pontada de raiva por ter sido feita de boba novamente.
A mentira me protege, por vezes eu vivi uma inverdade feliz, viajar juntos e curtir como se fôssemos felizes, me sentir amada e amar mesmo fora das medidas, a insistência em não ajudar nas atividades domésticas porque estava sempre cansado.
Cada traição eu me sentia oprimida, eu estava entre a maioria das pessoas que busca saídas rápidas e cômodas para seus problemas, eu queria ser feliz, desaprendi a ser espontânea.
Com o tempo a gente vai se desapegando das pessoas, até roupa nova doava sem pena, estava cansada de ser diminuída com essas representações ridículas, eu me importava demais com a opinião dos outros, todo mundo era feliz no amor, menos eu.
O livro da minha vida não tinha uma boa história de amor, ter consciência disso era meu primeiro passo no processo de cura, eu não estava nesse mundo por causa de ninguém, as lágrimas faziam parte e serviam para lubrificar a minha visão.
Ninguém lê o meu mundo, eu apenas vivia reagindo aos acontecimentos, o questionamento “será que sou digna de ser amada” sempre me assombrava, passei a economizar dinheiro, passei a compreender a importância de ser feliz sozinha, de manter a casa e a vida cheirosas.
E depois que passou a fase do autoconhecimento veio a transição de uma vida cheia de alegria.

Eu pesava 84 kg (já pesei 86) e estou com 76 kg sem dieta e apenas 90% “fazendo a coisa certa” e 10% fazendo a coisa errada.
Mas vou transcrever em que consiste minhas conquistas contra a balança para atingimento do peso normal, diga se de passagem que eu já eliminei o nível obesidade grau 1 e estou no sobrepeso e daqui a pouco estarei com o peso normal, ou seja 64kg ou menos.
Várias coisas me fizeram tomar atitudes vou lista las abaixo:
Efeito sanfona: Ganhei duas estrias horrorosas que mais parecem cicatrizes de cirurgias de recuperação em acidente de trânsito e isso me deixou completamente fora de mim, porque apesar das minhas inúmeras celulites (covinhas charmosas), milagrosamente não tinha estrias.
Fazer dietas restritivas, cortar doces e outras delícias radicalmente, não usar o “coma moderadamente” e poucos dias depois matar o desejo comendo o triplo do que renunciei.
Conscientização pela minha irmã que eu era determinada para todas as coisas.
Conseguia e lutava por tudo que eu queria, salvo a determinação em emagrecer.
Ver um amigo recém engordado e não reconhecê lo de prontidão, gordo e irreconhecível, parar e pensar se ele era realmente ele, me fez refletir sobre a minha gordura, porque quando a gente engorda a gente se transforma e eu conheço vários casos de pessoas que fizeram cirurgia bariátrica e me falavam que as pessoas não as reconheciam e eu levei uns 3 minutos para ter certeza que ele era ele.
O mais determinante neste processo foi analisar o comportamento das pessoas magras e das pessoas gordas e eu me choquei vendo atitudes “horrendas” dos outros em mim mesma.
Observei que gordo come sem parar, a sensação para quem observa é de que a comida vai acabar, gordo não desfruta uma caixa de chocolate belga com validade até 2014 aos poucos, ele acaba a caixa na mesma hora, gordo quer tudo para ontem, faz uma reserva no estômago de comida como se fosse passar fome por meses.
Gordo só se contenta em parar de comer quando aquele bolo ou sorvete acabam e fica provando e comendo de 5 em 5 minutos até não ter mais nada.
Os magros comem devagar, conversam na mesa, não estão preocupados com o prato, se deliciam mais com o bom papo do que com a refeição, preferem um delicioso chocolate fino a uma caixa de bombons garoto.
Incorporei atividade física, jogar tênis de mesa, caminhar, pedalar, deixar de ir na padaria e no supermercado de carro, fazer compras em pequenas quantidades para trazer as sacolas carregadas por mim.
Comer verduras ou legumes em todas as refeições e frutas no café da manhã e lanches.
Comer tudo de 1, um pão com queijo, uma fatia de bolo, uma fatia de pizza, 1 copo de suco e me esforçar para não repetir (às vezes que repito e não consigo deixar de ser gulosa deixo de jantar).
Caso eu coma uma fatia de pão naquele dia não como mais pão de jeito nenhum.
Comer peixes, frutos do mar, carnes magras e pouco frango (tenho a impressão que todos os hormônio injetados nos frangos se transportam para o meu corpo).
Abolir rodízios de qualquer espécie.
Aprendendo a cozinhar: Cozinhar comidas saudáveis e transformá las em gostosuras é impagável.
Tomar um copo d’água a cada 1 hora e ter muito saco de ir ao banheiro toda hora para fazer xixi.
Incorporar arroz integral, farinha de trigo integral, pão integral, trocar o queijo por creme de cottage ou ricota, trocar o suco por água, deixar de tomar toddynho (trocar as calorias líquidas por sólidas), comer doces apenas em aniversários, não comprar doces para ficar no armário.
Como sou gulosa e quero sempre servir 4 dedos de bolo, pedir para a aniversariante me servir uma fatia fina e me contentar com ela.
Fazer um prato com proteína, carboidrato, legumunosa, verduras, grãos e azeite.
1 carboidrato é suficiente se eu faço questão do purê, não como arroz.
Não se culpar por vez ou outra meter o pé na jaca e não sentir culpa em comer, o importante é não exagerar mesmo que suas escolhas não sejam tão saudáveis.
Mas vale, uma fatia fina de bolo do que passar jejum e comer o dobro depois.
Descobri o quanto meu intestino funciona melhor quando eu como de 3 em 3 horas, o estômago fica trabalhando o tempo toda e não fica preguiçoso.
Espero que eu possa ter ajudado alguém e eu confesso que não estou em busca de perder peso e sim de eliminá los para sempre.