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Kathlen Heloise Pfiffer

A vida é feita de etapas.
É como um ciclo, onde tudo acontece.
É um turbilhão de emoções, sentimentos, sensações, desejos.
Cada fase por qual passamos, nos traz novas descobertas, novas alegrias, novos desafios.
E viver cada etapa com todas as energias é o que dá o gosto doce da vida, é o que nos dá a alegria de existir, a vontade de vencer.
A parte difícil mesmo, é quando temos que nos despedir de uma fase, dizer adeus a tudo aquilo que passamos.
Começa quando deixamos o colo da mamãe, e nos aventuramos a descobrir o mundo com nossas próprias pernas (ou então mãos e pernas).
E tudo é sempre novo, cada cheiro, cada textura, cada sensação.
A brincadeira de roda, o esconde esconde, se sujar na lama.
Mas então isso já não é mais suficiente.
E temos que abandonar a infância, tentar nossa própria liberdade, é a fase da rebeldia.
Dói deixar de lado as bonecas, a coleção de carrinhos.
Fingir que não se importa mais com os desenhos do canal da manhã, afinal, o que realmente importa é parecer adulto, e mostrar aos adultos que já estamos prontos para enfrentar o mundo, e que sim, eu já tenho 14 anos! Mas então vem a despedida da adolescência, a fase dolorida, que temos que deixar para trás as farras na escola, as tardes sem fazer nada, os beijos escondidos atrás do ginásio, as tentativas de entrar nos clubes noturnos, e partimos para uma vida de responsabilidades.
Onde o relógio te cobra a cada minuto, onde há alguém dependendo de você, onde a vida não te trata mais como o filhinho querido da mamãe.
E mais uma vez você diz tchau tchau para uma etapa.
E você continua.
Continua passando por etapas.
Muda de emprego, sai da casa dos seus pais, entra em dieta.
Apaixona se.
E continua dizendo adeus ao que vai ficando para trás.
Dói, e dói muito.
Dói deixar algo que um dia nos fez tão felizes.
E a única coisa que você pensa, é que a despedida é algo cruel, é algo que entristece que dá aquele aperto no peito chamado saudade.
Saudade do antigo amor, da antiga rua, dos antigos amigos que agora estão longe, saudade de tudo aquilo que um dia foi especial para você, mas que agora fica no passado.
Saudade que te faz lembrar das risadas, dos carinhos, dos beijos, dos aromas, dos sabores.
É uma saudade que faz com que você se olhe no espelho, e perceba que cresceu.
Que amadureceu, e que está pronto para a vida.
Dizer adeus dói sim, mas há momentos na vida, em que temos que o dizer, abrir as janelas da alma para o novo, ouvir a melodia que agora nos embala.
Perder um emprego é ruim, mas onde se fecha uma porta, abrem se várias janelas.
Mudar de casa é estranho, mas te mostra como tudo pode ser visto de um novo ponto de vista.
Desfazer se de um amor é dolorido, machuca, mas só assim crescemos emocionalmente e conseguimos continuar indo em busca da felicidade.
È preciso sabermos quando uma etapa chega ao fim, precisamos saber dizer adeus ao que fica para trás, e sorrir com esperança para o que chega.
Para ao fim de tudo, podermos olhar para trás, e dizer que nada foi em vão, e que cada segundo foi especial e eterno.
:)
Kety.

Lembranças de uma viagem
Eu estava pensando sobre uma viagem que fiz para Porto Seguro, lembrando de tudo que havia acontecido em uma semana de pura alegria, diversão, e não pude deixar de lembrar sobre algo que fizemos na última noite daquela viagem.
Era uma espécie de brincadeira, em que você tinha que ir até a frente de todos, e pegar um pouco de carinho de um saquinho, e mandar pra quem quisesse.
Como o tempo era curto, muitos deixaram de ir até lá e mandar este carinho.
Bom, eu tive a oportunidade de ir, e mandei para duas pessoas muito especiais que fizeram a minha semana de férias valer a pena.
Duas grandes amigas.
Entretanto, talvez por toda a emoção da despedida, todo o sentimento de saudade que aos poucos ia crescendo, eu acabei mandando este carinho pela metade.
A princípio, acredito que todos nesta viagem estavam com o mesmo pensamento apreensivo, afinal, eram duas escolas diferentes, que pouco se conheciam.
Eu mesma cheguei a pensar que, nunca que ambas iriam realmente se unir.
Acontece que, isso não ocorreu.
As diferenças, ou até mesmo as coisas em comum, fizeram com que nos tornássemos um grupo unido, um grupo que brincava junto, ria junto, enfrentava o cansaço junto.
Alguns mais juntos que outros, outros nem tão juntos assim.
Mas sempre unidos.
E no fundo, foi isso que fez toda a magia da viagem acontecer.
Afinal, o que vai ficar pra sempre na memória, não é somente as festas, os lugares visitados e conhecidos.
O que vai ficar de verdade, é aquela risada de um tombo, é aquele abraço conjunto de felicidade, aquele beijo com carinho, um aperto de mão de fidelidade, um ataque de nervos por causa da roupa jogada no chão.
Vai ficar na memória a invasão dos quartos (das varandas), os devaneios, os planos feitos com afinco pelos grupos, as amizades feitas, renovadas, reforçadas.
Tudo isso é o que levaremos conosco para a posteridade, é o que contaremos para nossos filhos, e quem sabe um dia netos.
E se eu pudesse novamente mandar meu carinho, eu mandaria para todos que fizeram parte da minha semana.
Todos que me garantiram risos, abraços, devaneios, festas, todos que me fizeram sentir especial.
A todos os meus antigos amigos, que só fizeram reforçar meu sentimento por eles, que só fizeram com que eu percebesse o quão importantes em minha vida são, por todo o apoio, todo o companheirismo, todas as parcerias.
Um carinho mais do que especial para os que entraram na minha vida.
Todos que conheci, todos com que junto fiz festa, gritei, pulei, conversei sério também, conheci um pouco além de apenas um nome e sobrenome.
(especialmente aos vizinhos de varanda, que eu incomodei até dizer chega).
Um carinho especial também para aqueles que não conversei muito.
Ora, vocês também fizeram parte de tudo que eu vivi, e vocês também serão lembrados.
Um carinhos a todos vocês que fizeram esta viagem acontecer, pois, ir sozinha para lá, não seria NADA, e sem vocês, não haveria mágica ou lembrança boa alguma na melhor semana da minha vida.
Por fim, aos que leram até aqui, venho fazer um pedido.
Um pedido com carinho.
Durante a viagem, e antes também, ouvi varias vezes a frase: “Sabem quantas pessoas da minha turma de terceirão eu ainda tenho contato Nenhuma.
E com vocês será a mesma coisa.” E sabe o que nós fizemos ao escutar isso Alguns choraram, alguns aceitaram em silêncio, e uns poucos pensaram que não seria assim.
Eu peço a TODOS que pensem que não será assim.
Porque dessa vez, não podemos fazer diferente Porque aceitar que o tempo nos separe, que a vida nos leve para longe Aceitar isso seria assumir que somos fracos, que nada teve real valor, que tudo significará apenas fotos velhas em um álbum.
Não, não pode ser assim.
Não deixem que o tempo leve o melhor de vocês, não deixem que o tempo leve aqueles que lhe serviram de alicerce em sua caminhada, serviram de base na construção de seu caráter.
Não deixe que a vida leve o que de melhor você obteve.
Fica aqui um pedido de uma amiga.
Um pedido difícil, mas não impossível.
08/2008 kety